Jornal Estado de Minas

Estudante negra alega ter sofrido discriminação dentro de faculdade de BH

A aluna de uma faculdade de Belo Horizonte acusa uma professora de injúria racial. A jovem negra, de 21 anos, cursa o 4º período de design de moda na Estácio de Sá e diz ser vítima da docente há um ano. A primeira situação de desconforto aconteceu dentro da sala de aula quando, segundo a estudante, a professora falou para ela procurar um salão de beleza para os funcionários passarem um produto para abaixar o cabelo dela. Na última segunda-feira, as duas voltaram a se encontrar e novamente a educadora voltou a usar termos que chatearam a garota. A vítima procurou a polícia e fez um boletim de ocorrência. O Centro Universitário informou que ainda não foi procurada pela aluna, mas que iria entrar em contato com ela para esclarecer os fatos. A professora foi procurada pelo em.com.br por meio da assessoria de imprensa da instituição e não quis comentar o assunto.

As ofensas da professora, segundo a aluna Mirna Daniele Guedes de Melo, começaram no 2º período.

“Em uma situação em sala de aula, ela disse para eu mudar o meu cabelo, para ir em um salão de beleza para eles passarem um produto para abaixar o volume do meu cabelo. Não gostei e falei com ela que gosto dele assim, porque são minhas origens e meu estilo é esse”, disse a estudante.

No mesmo semestre, outra situação envolvendo a mesma professora chateou Mirna. “A segunda vez foi no mesmo período. Ela virou para mim e disse que outras alunas dela de outra faculdade foram ao salão de beleza e que o cabelo delas teria fica bonito, mais baixo, mais ajeitado e que era para eu ir, pois o meu estava muito volumoso. Voltei a dizer que não aceitava que ela falasse assim comigo”, comentou.

A aluna informou que procurou a direção da faculdade e foi informada de que o caso seria passado para a reitoria.
Porém, segundo ela, nada foi resolvido. A Estácio de Sá informou que na época dos fatos, a professora e a aluna foram procuradas. A educadora informou, segundo a assessoria de imprensa, que as afirmações não foram pejorativas e se prontificou a pedir desculpas à garota.

Aproximadamente um ano depois, novamente Mirna afirmou ter sido vítima da professora na última segunda-feira, quando as duas se encontraram nos corredores do Centro Universitário. “Estava com duas pessoas, quando ela passou e falou comigo: 'Você aqui, assombração? Não se formou ainda? Respondi para ela medir as palavras para falar comigo, pois o que ela tinha feito era crime. Ela desconversou e começou a mudar de assunto”, conta a aluna.

A jovem procurou a polícia e fez um boletim de ocorrência por injúria racial. A jovem se revoltou com a situação.
“Estou indignada. A ficha está custando a cair, mas agora é bola pra frente, e ir à luta. Não posso cruzar os braços perante essa situação. Espero que a Justiça seja feita”, indagou.

Em nota, o Centro Universitário informou que a “aluna não procurou a reitoria para tratar do episódio. Portanto, desconhecemos o caso, mas já estamos entrando em contato com a aluna para esclarecer o fato”. Ressaltou, ainda, "que não tolera qualquer tipo de discriminação com os alunos e funcionários da instituição e que, em caso de qualquer ocorrência neste sentido, são tomadas as medidas previstas no nosso Código de Ética". A professora não quis dar declarações.

.