Os 20 radares instalados pela concessionária Via-040 no trecho que vai de Brasília até Juiz de Fora, na Zona da Mata, da BR-040, sendo 10 no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, completaram quatro meses de instalação sem nenhuma multa aplicada por excesso de velocidade. Apesar de devidamente instalados pela empresa, os aparelhos nunca funcionaram, já que ainda não existe entendimento entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para validar as imagens e garantir as multas nas rodovias concedidas na terceira fase de concessões. Em Minas, isso também se estende a 14 radares operados pela Triunfo Concebra nas BRs 262 e 153. Esses equipamentos foram instalados entre setembro do ano passado e ontem, data da conclusão dos trabalhos. As empresas não podem emitir as autuações por não serem autoridades de trânsito. A Autopista Fernão Dias, responsável pela BR-381 entre Belo Horizonte e São Paulo, ficou mais de um ano com os radares instalados sem multar até que o convênio ficasse pronto.
Na prática, a situação aumenta o risco de acidentes, pois é comum encontrar motoristas que conhecem o trecho e sabem que o radar está desligado e aqueles que não desconhecem o local e acabam surpreendidos pelo equipamento, muitas vezes freando de forma brusca. Todos os 10 equipamentos instalados no Anel Rodoviário estão com um plástico preto tampando as câmeras. Mesmo assim é comum ver o risco de colisões. No aparelho colocado no Bairro Santa Maria, Noroeste de BH, antes do viaduto da Via Expressa sentido Vitória, uma marca de frenagem brusca está exatamente em cima dos laços no pavimento que medem a velocidade. O comerciante João Eudes Balzani, de 70 anos, conta que viu uma batida traseira exatamente nesse ponto. “Aqui no Anel Rodoviário é realmente necessário o funcionamento. Tem muita gente que vem do interior e não conhece a região”, afirma.
BUZINADAS E FREADAS O carreteiro Dimas Andrade, 56, diz respeitar o limite de velocidade em todos os pontos regulamentados e conta que costuma ver com frequência as buzinadas e freadas bruscas nos 10 pontos onde os novos radares estão posicionados, mas ainda não funcionam. “Acho que esperar quatro meses é muita coisa. Já dava tempo de ter resolvido o provável problema e colocado os radares para multar”, afirma.
O consultor em transporte trânsito Silvestre de Andrade explica que o radar é um instrumento fundamental para reduzir os acidentes, mas dessa forma acaba contribuindo para causar outros. “Se todos souberem que não está funcionando, voltamos à situação de perigo verificada anteriormente. Se apenas parte dos motoristas sabem, você cria um conflito de duas velocidades distintas no mesmo fluxo de veículos”, afirma. O ideal, segundo o especialista, seria instalar os equipamentos apenas quando o convênio estivesse viabilizado para multar. Além dos olhos eletrônicos no Anel que ainda aguardam liberação para multarem, a via mais movimentada da capital conta com outros 19 operados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que estão funcionando normalmente.
A mesma situação que acontece no Anel Rodoviário e também com o restante da BR-040, onde estão os outros 10 equipamentos sem funcionar, ocorreu na BR-381, entre BH e São Paulo. O trecho, concedido à iniciativa privada em 2008, é operado pela Autopista Fernão Dias, que instalou 19 radares em fevereiro do ano passado. São 13 em Minas e seis em São Paulo. Só em maio desse ano é que os excessos de velocidade registrados nos aparelhos começaram a virar multas. Segundo a empresa, o balanço de junho, que já está fechado, aponta 106.904 autuações, o que significa duas infrações por minuto.
HOMOLOGAÇÃO Segundo a Via-040, a empresa aguarda a homologação dos equipamentos por parte das autoridades cabíveis. “Em função do estágio em que o equipamento se encontra, ainda não é possível avaliar tecnicamente os impactos e resultados”, informa a Via-040, em nota. Segundo a Triunfo Concebra, que controla as BRs 060, 153 e 262, todos os 14 radares previstos no Programa de Exploração Rodoviária (PER) foram instalados no território mineiro das BRs 262 e 153 entre setembro de 2014 e ontem, quando o último aparelho foi colocado. Porém, a empresa não tem conhecimento do andamento do convênio entre ANTT e PRF. A reportagem procurou as duas instituições nacionais, mas nenhuma das duas retornou os contatos do Estado de Minas.
Audiência do Uber cancelada
Na manhã de ontem, uma audiência pública para discutir a atuação do Uber em Belo Horizonte foi cancelada e houve confusão na Câmara Municipal. A reunião havia sido marcada pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, mas o assunto a ser tratado era de competência da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário. Centenas de taxistas protestaram ao encontrar o plenário fechado. Eles chegaram em carreata, partindo de vários pontos da capital, e pediam o fim do Uber. Depois de uma reunião com representantes das duas comissões, a presidência da Casa decidiu por uma nova audiência, às 9h30 de segunda-feira.