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Estado de Minas

Enterro de estudante assassinado é marcado por cobranças; "Não pode ficar impune", diz pai

Parentes, amigos e advogados não querem que morte de universitário em calourada perto da PUC Minas seja mais um caso na Justiça. Enterro foi marcado por emoção no Dia dos Pais


postado em 10/08/2015 06:00 / atualizado em 10/08/2015 07:23

"Uma agressão tão estúpida não pode ficar impune. Sinto a dor de todos os pais que perderam seus meninos pela estupidez das drogas, das armas nas mãos de bandidos e do álcool" - Antônio Adolpho Alvarenga Vianna, engenheiro, pai de Daniel Adolpho de Melo Vianna (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

O churrasco no sítio, em Casa Branca, na zona rural de Brumadinho, na Grande BH, não chegou a acontecer. Em vez disso, o velório e as lápides do Cemitério do Bonfim. Em vez de um abraço no primogênito, restou a despedida e a expressão desolada de quem sequer conseguiu olhar para o caixão baixando na sepultura. Ontem, foi o pior Dia dos Pais da vida do engenheiro Antônio Adolpho Alvarenga Vianna, de 56 anos, que perdeu seu filho, o universitário Daniel Adolpho de Melo Vianna, de 22, de forma estúpida em briga numa calourada de alunos da PUC Minas, que ocorreu em um bar, no Bairro Coração Eucarístico, Noroeste de BH, na madrugada de sábado. O jovem foi baleado no rosto depois de ter esbarrado no soldador Pedro Henrique Costa Lourenço, de 29. “O Daniel deixou de viajar com a mãe para ficarmos juntos. Era um dia especial para nós. Estou arrasado, sem saber o que fazer. Como se tira a vida de alguém pacífico, educado e carinhoso assim, sem mais nem menos?”, desabafou Antônio durante o velório do filho, que foi sepultado ontem de manhã no Cemitério do Bonfim.

A cerimônia contou com cerca de 100 pessoas, entre muitos jovens e também advogados, já que Daniel estava no último semestre do curso de direito da faculdade Pitágoras e trabalhava num escritório. “Ele é nosso colega, mesmo não tendo formado, foi uma agressão contra nossa classe”. “Essa injustiça não vai ficar assim. Vamos cobrar uma punição”, disseram advogados presentes ao enterro. Sobre o caixão, a camisa preta do curso de direito foi deixada pelos colegas. Mais do que o sonho interrompido na carreira jurídica, para o engenheiro Antônio Adolpho, a roupa preta neste Dia dos Pais simboliza uma luta por justiça para o filho assassinado. “Uma agressão tão estúpida dessas, que tirou a vida do meu filho nesta data em que comemoraria com ele a felicidade que me deu ao vir ao mundo, não pode ficar impune. Sinto a dor de todos os pais que perderam seus meninos pela estupidez das drogas, das armas nas mãos de bandidos e do álcool”, disse.

Os braços arranhados, o joelho ralado e a face ferida foram marcas deixadas no corpo de um dos amigos de Daniel que estava no momento do assassinato e que ajudou a imobilizar o suspeito. O amigo, de 33 anos, conhecia o universitário desde a adolescência e é lutador de jiu-jitsu. Ele pediu para não ser identificado, mas contou que além de Daniel estavam ainda dois outros colegas na fila do bar onde ocorreu a calourada, na Avenida Trinta e Um de Março, no Bairro Coração Eucarístico, Noroeste de BH. “Estávamos comprando bebidas, quando um de nós esbarrou no assassino. O cara estava muito alterado, com os olhos arregalados e gesticulando muito. Começou a gritar e o Daniel esticou os braços como quem não entende nada. Foi então que o bandido puxou um revólver e atirou nele”, conta.

Depois desse primeiro disparo, os amigos presentes ao enterro contaram que um clarão se abriu entre a multidão de jovens que estava dentro do bar na calourada. “O bandido tentou fugir entre a multidão, mas o segui e o derrubei no chão. Minha intenção era pegar a arma dele e imobilizá-lo, até a chegada da polícia”, afirma o lutador. Em meio à luta corporal, os amigos de Daniel lembram que jovens que estavam com Pedro Henrique deram chutes e socos no lutador para tentar libertar o atirador. Em meio a essa luta, a arma chegou a ser disparada, mas não atingiu ninguém. Após a confusão, o armamento se perdeu no asfalto e a polícia desconfia que algum dos envolvidos a tenha escondido para dificultar a prisão. “Depois que ele foi preso, olhei bem no rosto dele e disse que ele ia pagar. O Daniel era uma pessoa de paz, capaz de pedir desculpas se esbarrasse em alguém. Mas o cara ficou só olhando feio, como se ameaçasse a gente. Não sentiu nenhum remorso. Nem ele, nem o pai dele que chegou na delegacia e fez ironias”, lembra o lutador.

PRISÃO Devido à lotação do sistema prisional, o acusado de ter matado o universitário continua preso na Central de Flagrantes com outros 20 detentos, de acordo com o seu advogado, Fábio Piló. Pedro Henrique foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e disparo de arma de fogo em via pública. De acordo com o advogado, apesar de seis testemunhas terem afirmado categoricamente que foi seu cliente que atirou em Daniel, no momento havia muita confusão. Ainda segundo Piló, os pais do suspeito disseram ter sido ameaçados por parentes da vítima e, por isso, fizeram uma ocorrência policial.


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