A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou que vai interditar os quatro bares que funcionam no Centro Comercial Top Shopping, mais conhecido como Shopping Rosa, onde o assassinato do estudante de direito Daniel Adolpho de Melo Vianna, na madrugada do último sábado, expôs o descontrole em festas promovidas sem o aval do poder público. Os eventos do tipo transformaram o entorno do câmpus Coração Eucarístico da PUC Minas em uma espécie de terra sem lei durante as noites e madrugadas.
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O próprio MP deve recomendar à prefeitura a interdição dos bares.
A regional da prefeitura aguarda apenas a recomendação do MP, que deve ocorrer ainda nesta semana, para interditar os bares. O instrumento jurídico a ser mencionado pelo município será o inciso 1 do artigo 317 do Código de Posturas. De acordo com o texto, “a interdição do estabelecimento ou atividade dar-se-á, sem prejuízo de multa cabível, quando houver risco à saúde, ao meio ambiente ou à segurança de pessoas ou bens”.
O gerente de Fiscalização da Noroeste é direto: “O risco ao meio ambiente é a poluição sonora. E a morte do universitário deixou evidente a questão da segurança”. William Nogueira acrescenta: “Não identificamos os organizadores (da última calourada), mas identificamos que os bares do Shopping Rosa estavam apoiando ou participando do evento, na medida em que venderam cerveja”.
SENTENÇA A síndica do condomínio do centro comercial, Eunice Gonçalves Tarzan, também defende o fim das atividades dos bares. Nessa segunda-feira, ela foi ao fórum de BH na esperança de conversar com um representante da Justiça sobre uma sentença, de 2007, que determina o fechamento desse tipo de empreendimento no Shopping Rosa. A reunião com um dos magistrados foi transferida para hoje.
“Entramos com ação para o fechamento dos bares em 2007”, afirmou.
Enquanto isso, vizinhos torcem pelo fim das farras nas ruas. Walter Freitas, presidente da Associação dos Moradores do Coração Eucarístico (Amocoreu), também avalia que a morte do universitário foi “anunciada”. “Sabemos que o comércio precisa vender, mas a gente quer tudo dentro da legalidade, com respeito e segurança. Os moradores não podem pagar pela irresponsabilidade.”
O Estado de Minas tentou, mas não conseguiu contato com os donos dos bares Academia dos Estudantes, Conversa Fiada (conhecidos genericamente como Bar do Kareca), Bandeco e Clube 27.
ENTREVISTA
Vilma Alvarenga Vianna, tia do estudante assassinado
“Não vamos deixar impune essa covardia”
Irmã de Antônio, pai de Daniel, Vilma era madrinha do jovem que teve interrompida a promissora carreira como advogado. Daniel trabalhava desde os 17 anos, e se preparava para abrir uma empresa antes mesmo de se formar em direito, no fim do ano.
Como era seu afilhado no dia a dia?
Daniel era o único neto da família. Era chamado pelas tias de principezinho. Era uma pessoa da paz. Não me lembro de ele levantando a voz para mim uma única vez. Os pais estão reclusos, desolados. A dor é muito grande, porque era o filho mais velho, além de ser um menino bom e trabalhador. Ele morreu na véspera do Dia dos Pais e faria 23 anos no dia 22.
Ele começou a trabalhar cedo?
Aos 17 anos. Ele mesmo arrumou emprego no escritório, pois já queria ser advogado.
Como a família está reagindo?
Está muito recente, mas não vamos deixar impune essa covardia. O Brasil está muito violento. Como permitir que um homem com três passagens pela polícia possa sair armado por aí? Ele está preso e vamos ter de manter ele lá. Até os delegados estavam revoltados. Estamos estudando fazer um manifesto na missa de sétimo dia, que será às 19h da sexta-feira, na matriz de Santa Tereza. .