Pelo menos 60 pessoas foram detidas e dois menores apreendidos no protesto contra o aumento das tarifas em transportes públicos, nesta quarta-feira, em Belo Horizonte. A Polícia Militar usou balas de borracha e bombas de gás para dispersar os manifestantes que se concentravam na Rua da Bahia, entre as avenidas Augusto de Lima e Afonso Pena, no Centro da capital. A PM disse que usou a força depois de ser atingida por objetos arremessados por integrantes do ato e também para liberar a via. Manifestantes negaram ter atacado os militares.
O protesto contra o reajuste das passagens começou pouco antes das 18h, com a concentração de manifestantes na Praça Sete. O ato foi organizado após a Justiça que acatar recursos do Consórcio Dez e da Prefeitura de Belo Horizonte que garantiu a alta das tarifas em 9,7% desde o último sábado, dia 8.
Monitorados por militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar, os manifestantes deixaram o quarteirão fechado da Praça Sete e interdirtaram por cerca de 15 minutos a Avenida Afonso Pena. Parte do grupo subiu a Rua da Bahia, quando foi impedido de continuar o trajeto pelos militares, que montaram um bloqueio na via, e dispararam balas de borracha e bombas de efeito moral. Houve correria e várias pessoas se abrigaram em prédios e um hotel da região.
De acordo com o Capitão Henrique, da Polícia Militar (PM), alguns manifestantes foram chamados para dialogar e orientados a não interditar nenhuma via pública durante o protesto. A PM alega que as ordens não foram cumpridas e que os manifestantes atiraram objetos, o que desencadeou a reação dos militares para conter a multidão.
Segundo organizadores do movimento, a ação dos militares foi truculenta. De acordo com uma professora, as vítimas foram feridas nos braços e pernas. “Estava tendo uma manifestação pacífica quando a polícia começou a jogar bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha. Foi muita correria. Várias pessoas passaram mal”, disse a professora. Um repórter fotográfico e um turista, do Ceará, estão entre os feridos. Não foi divulgado o número de feridos, mas pelo menos oito pessoas foram atendidas no Hospital de Pronto Socorro João XIII e outras unidades de saúde.
Após o conflito, a PM prendeu cerca de 60 pessoas, que ficaram detidas no saguão de um hotel na Rua da Bahia. Pais, mães, parentes e advogados foram até o local, mas foram impedidos de ter contato com os detidos, o que acabou gerando revolta. A PM alegou que estava fazendo fazendo uma triagem.
O clima voltou a ficar tenso quando os manifestantes, alguns algemados, foram levados em dois ônibus para a Central de Flagrantes (Ceflan 2), na Rua Conselheiro Rocha, no Bairro Santa Tereza, Região Leste da capital. Os dois menores serão encaminhados para a Cia.
Governo vai investigar ação da PM
Em nota, o governo do estado classificou os fatos como "lamentáveis" e informou que "determinou apuração rigorosa". "A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e nas câmeras de vigilância. O Governo de Minas Gerais reitera também sua posição de garantir o direito democrático de livre manifestação, assim como o de ir e vir de todos cidadãos, e a não tolerância com agressão a agentes públicos no exercício de sua função", diz o texto.
Veja vídeos da saída dos manifestantes: