Jornal Estado de Minas

Novo sitema de captação de água evitará racionamento na Grande BH

Obras em Brumadinho vão permitir que reservatórios do sistema Paraopeba sejam poupados no período chuvoso - Foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press
Mesmo com níveis atualmente bem abaixo da metade, reservatórios de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que integram a Bacia do Rio Paraopeba – Serra Azul, Rio Manso e Vargem das Flores –, devem se recuperar e voltar a ficar cheios no prazo de três anos. Essa é a previsão da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) com a inauguração do sistema de captação de água diretamente no Rio Paraopeba, obra em andamento em Brumadinho, a 51km de BH.  Segundo o governador Fernando Pimentel (PT), durante visita ontem ao canteiro de obras,  a população de 5 milhões abastecida pela bacia não vai sofrer com a falta d’água em 2016, depois de escapar do racionamento este ano, e ainda terá segurança para evitar crises hídricas nos próximos 20 anos. Entretanto, a recomendação da companhia, é para a população evitar o desperdício.

A obra prevê a implantação de uma adutora com 6,5 km de extensão e 1,5 metro de diâmetro; uma estação elevatória, subestação para geração de energia, entre outras intervenções para bombeamento da água diretamente do rio para a estação de tratamento de água (ETA) do Rio Manso. Serão investidos R$ 128,4 milhões e com a inauguração da obra será possível captar até 5 mil litros de água por segundo, o que amplia em mais de 90% a atual capacidade das três represas, que é de 5,5 mil litros/segundo (veja arte).  Com os investimentos, a Copasa informou que vai solicitar à Agência Reguladora de Água e Esgoto de Minas Gerais (Arsae-MG) uma revisão tarifária, o que, segundo a companhia, não implica necessariamente em aumento da conta.

O diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, explica que a recuperação dos mananciais será possível justamente porque a nova captação, no modelo fio d’água (coletado diretamente do rio) vai permitir que as três represas sejam poupadas no período chuvoso. A outorga para retirada da água no Paraopeba foi autorizada justamente para esta época, entre outubro e maio, quando o rio chega a transbordar. A obra para captação direta no rio está com 29% da sua execução e o término está previsto para 20 de dezembro, o que permite que, a partir de janeiro, o novo sistema comece a operar. Até lá, pelo menos oito paradas técnicas (interrupções do abastecimento) serão feitas nos fins de semana para integrar a nova rede com as existentes.


Em entrevista à imprensa no canteiro de obras, o governador lembrou que a população da Grande BH conseguiu escapar do fantasma de ficar completamente sem água. “Não vai haver necessidade de racionamento. Isso porque a população correspondeu ao apelo que fizemos no início do ano e reduziu o consumo em torno de 13%, uma redução significativa”, afirmou Pimentel. A meta inicial era de 30%.

VAZAMENTOS
Além disso, ele destacou o aumento do volume de chuvas em mais de 50% nos últimos seis meses, na comparação com o mesmo período do ano passado e as ações da operação Caça Gotas, da Copasa, de combate a vazamentos e desperdício de água. A companhia informou ter diminuído pela metade o tempo de atendimento aos chamados para reparos, mas não disse qual foi a redução do índice de 40% de desperdício que mantinha. O anúncio de que não haverá mais racionamento foi feito na segunda-feira pela presidente da Copasa, Sinara Meireles, e antecipada pelo Estado de Minas no último sábado.

Além de destacar a importância da obra de captação de água no Rio Paraopeba, Pimentel anunciou ainda a construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) em Brumadinho, que sedia em 100% o novo sistema de captação do manancial e informou que a oferta de água no município também será ampliada.




Desafio agora é investir no Velhas

Apesar de garantir abastecimento para a população da Grande BH nos próximos 20 anos, o governo de Minas ainda tem desafios pela frente. Além de precisar intervir nos sistemas de captação e armazenamento já existentes, a Copasa precisa criar um modelo de armazenamento no Sistema Rio das Velhas, que ainda opera com captação direta no leito do rio. “Vamos estudar alguma alteração. Não para agora, mas para o futuro. Estamos planejando fazer algum tipo de reservatório no Rio das Velhas, que hoje fornece água para a Região Sul de Belo Horizonte e é captada diretamente no curso d’água”, afirmou o governador Fernando Pimentel (PT).A preocupação do governador é com as estiagens que o estado vem enfrentando e que levaram, inclusive, à possibilidade de racionamento. “Não ter um reservatório é um problema sério. Diante de um período longo de seca, como o que tivemos nesses últimos anos, corre-se o risco de secar o rio”, disse PImentel, destacando, no entanto, que, por enquanto, não há nenhum projeto pronto ou em andamento. “Isso está sendo estudado pela Copasa.”


Pimentel afirmou ainda que o governo planeja obras complementares para evitar cenários de crise nos recursos hídricos da Grande BH.

Além das obras no Sistema Rio Manso, estão em andamento as intervenções no Sistema Serra Azul, com captação de 1 metro cúbico de água por segundo.
A obra tem orçamento autorizado de R$ 50 milhões. O valor integra um pacote de R$ 809 milhões pedidos pelo governo de Minas à União, mas somente este montante foi liberado. De acordo com Pimentel, a solicitação está sendo analisada pelo governo federal, mas esbarra no atual arrocho financeiro. “Não está faltando boa vontade e apoio. Mas a situação do governo federal é mais difícil. Estamos num momento de contingenciamento muito forte de verbas orçamentárias para atingir as metas do ajuste fiscal”, disse..