Jornal Estado de Minas

Manifestantes detidos em protesto no Centro de BH são liberados após acordo

Os cerca de 60 manifestantes que foram detidos durante o protesto contra o reajuste da tarifa de ônibus nessa quarta-feira, em Belo Horizonte, foram liberados na madrugada desta quinta-feira. Participantes do ato e algumas que passavam pela Rua da Bahia, no Centro da capital, no início da noite de ontem, entraram em conflito com a Polícia Militar.

A liberação dos detidos ocorreu depois de um acordo entre o secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, e as polícias Civil e Militar. Do hotel, os manifestantes foram levados em dois ônibus para a Central de Flagrantes II, no Bairro Floresta, Leste de BH. “Nós combinamos com a polícias para fazer um boletim de ocorrência geral e não individualizado. Todos (os manifestantes) estão identificados”, explicou o secretário.

Nilmário informou ainda que a secretaria está disponível para ouvir os manifestantes, que denunciam truculência da Polícia Militar. Já a corporação, por sua vez, alega que os detidos descumpriram a ordem não bloquear o trânsito durante o protesto. A PM disse também que lançou mão da força depois de ser atingida por objetos arremessados por integrantes do ato. Manifestantes negaram ter atacado os militares.

A Região Central de BH teve nessa quarta-feira momentos de tensão que lembraram as cenas dos protestos de 2013, quando a população foi às ruas manifestar contra o governo.
Dessa vez, o que era para ser uma manifestação pacífica contrária ao aumento da passagem de ônibus terminou em conflito, bombas de efeito moral, balas de borracha e detenção.

A manifestação de ontem começou no fim da tarde, com uma concentração na Praça Sete, no Centro. No início da noite, parte dos ativistas bloqueou o trânsito na Avenida Afonso Pena, no sentido Centro/bairro, e, seguida, eles deram início a uma passeata até a sede da Prefeitura da capital.

O ato transcorreu sem incidentes até os manifestantes chegarem à esquina da Av. Afonso Pena, esquina com a Rua da Bahia. Eles foram impedidos pelos militares de continuar o trajeto, o que deu início ao confronto. Houve disparos balas de borracha, bombas de efeito moral, levando várias pessoas a procurar abrigo na região.

De acordo com o Capitão Henrique, da Polícia Militar (PM), alguns manifestantes foram chamados para dialogar e orientados a não interditar nenhuma via pública durante o protesto.
A PM alega que as ordens não foram cumpridas e que os manifestantes atiraram objetos, o que desencadeou a reação dos militares para conter a multidão.

Segundo organizadores do movimento, a ação dos militares foi violenta. “Estava acontecendo uma manifestação pacífica quando a polícia começou a jogar bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha. Foi muita correria. Várias pessoas passaram mal”, disse uma professora que passava pela Rua da Bahia no momento da confusão. Um repórter fotográfico e um turista do Ceará ficaram feridos. Não foi divulgado o número que pessoas que se feriram, mas pelo menos oito foram atendidas no Hospital de Pronto Socorro João XIII e em outras unidades de saúde.

INVESTIGAÇÃO Em nota, o governo do estado classificou os fatos como "lamentáveis" e informou que "determinou apuração rigorosa". "A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e nas câmeras de vigilância. O Governo de Minas Gerais reitera também sua posição de garantir o direito democrático de livre manifestação, assim como o de ir e vir de todos cidadãos, e a não tolerância com agressão a agentes públicos no exercício de sua função", diz o texto.

NOVO PROTESTO Apesar do confronto registrado ontem, os ativistas avisaram que vão continuar nas ruas e já marcaram um novo protesto.
Criado no Facebook, o evento “2° Ato Contra O Aumento Da Tarifa” convoca os manifestantes para voltarem às ruas na tarde de sexta-feira na Praça Sete. Até o início da manhã desta quinta-feira, mais de 500 pessoas haviam confirmado presença.

Com informações de Rodrigo Melo e Thiago Lemos

Imagens registram início do confronto entre PM e manifestantes

Vídeos mostram clima tenso em hotel no Centro de BH
 



Manifestantes entram em hotel após polícia lançar bomba


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