Os cerca de 60 manifestantes que foram detidos durante o protesto contra o reajuste da tarifa de ônibus nessa quarta-feira, em Belo Horizonte, foram liberados na madrugada desta quinta-feira. Participantes do ato e algumas que passavam pela Rua da Bahia, no Centro da capital, no início da noite de ontem, entraram em conflito com a Polícia Militar.
A liberação dos detidos ocorreu depois de um acordo entre o secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, e as polícias Civil e Militar. Do hotel, os manifestantes foram levados em dois ônibus para a Central de Flagrantes II, no Bairro Floresta, Leste de BH. “Nós combinamos com a polícias para fazer um boletim de ocorrência geral e não individualizado. Todos (os manifestantes) estão identificados”, explicou o secretário.
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A manifestação de ontem começou no fim da tarde, com uma concentração na Praça Sete, no Centro. No início da noite, parte dos ativistas bloqueou o trânsito na Avenida Afonso Pena, no sentido Centro/bairro, e, seguida, eles deram início a uma passeata até a sede da Prefeitura da capital.
O ato transcorreu sem incidentes até os manifestantes chegarem à esquina da Av. Afonso Pena, esquina com a Rua da Bahia. Eles foram impedidos pelos militares de continuar o trajeto, o que deu início ao confronto. Houve disparos balas de borracha, bombas de efeito moral, levando várias pessoas a procurar abrigo na região.
De acordo com o Capitão Henrique, da Polícia Militar (PM), alguns manifestantes foram chamados para dialogar e orientados a não interditar nenhuma via pública durante o protesto.
Segundo organizadores do movimento, a ação dos militares foi violenta. “Estava acontecendo uma manifestação pacífica quando a polícia começou a jogar bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha. Foi muita correria. Várias pessoas passaram mal”, disse uma professora que passava pela Rua da Bahia no momento da confusão. Um repórter fotográfico e um turista do Ceará ficaram feridos. Não foi divulgado o número que pessoas que se feriram, mas pelo menos oito foram atendidas no Hospital de Pronto Socorro João XIII e em outras unidades de saúde.
INVESTIGAÇÃO Em nota, o governo do estado classificou os fatos como "lamentáveis" e informou que "determinou apuração rigorosa". "A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e nas câmeras de vigilância. O Governo de Minas Gerais reitera também sua posição de garantir o direito democrático de livre manifestação, assim como o de ir e vir de todos cidadãos, e a não tolerância com agressão a agentes públicos no exercício de sua função", diz o texto.
NOVO PROTESTO Apesar do confronto registrado ontem, os ativistas avisaram que vão continuar nas ruas e já marcaram um novo protesto.
Com informações de Rodrigo Melo e Thiago Lemos
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