Vídeos gravados por integrantes do movimento contra o aumento das passagens de Belo Horizonte e pela Polícia devem ser usados para apurar se houve uso excessivo de força policial. Enquanto ativistas gravaram imagens em que, segundo eles, houve práticas exageradas e xingamentos por parte dos policiais, o comando do Batalhão de Choque garante que vai reunir vídeos para comprovar as várias tentativas de negociação antes da ação.
Em uma das gravações feitas por ativistas, o comandante do batalhão, tenente-coronel Gianfranco Caiafa, aparece determinando que todos deveriam se deitar no chão ou se abaixar, e usa frases como “Vocês querem tudo de graça”; “Querem mamar na teta (do governo)”; “Agora, acabou a macheza de todo mundo”, além de dizer que só seria liberado quem apresentasse carteira de trabalho. Segundo o policial, a apresentação do documento foi um pedido inicial, e depois foi averiguado quem não fazia parte do movimento, para chegar somente aos ativistas. Sobre suas falas com os manifestantes, ele disse que “não ofendeu ninguém” e que, como cidadão, tem direito de manifestar o que pensa.
O comandante afirma ainda que a corporação tem documentado os momentos de negociação, para se resguardar diante de denúncias de arbitrariedades. Afirmou que há preocupação de mostrar a legalidade da ação. “Com relação ao comando da PM, foi cumprido exatamente o que o memorando sobre o uso da força estipula. Todos os processos foram seguidos”, afirmou.
Por meio de nota, o governo de Minas informou que “todo o relato dos policiais em serviço na ocorrência é de que a conduta adotada foi necessária em função das circunstâncias daquele momento”. Na internet, a ação policial dividiu opiniões, despertando críticas inclusive em relação aos excessos verbais do comando, gravados em vídeo.
Críticas à operação policial
A Defensoria Pública vai buscar junto ao governo estadual a garantia para que a PM respeite a manifestação contra o aumento da tarifa, prevista para hoje. A defensora Júnia Roman Carvalho, da área de Direitos Humanos, criticou a ação policial que, segundo ela, cerceou até seu trabalho. Em nota, a OAB/MG repudiou a operação “desrespeitosa e truculenta”. “Os atos de violência configuram um atentado ao estado democrático de direito, em especial porque também foram relatados casos de cerceamento de defesa aos advogados”, completou.