A avaliação sobre a reação policial ao protesto contra o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte, que terminou em conflito na noite de quarta-feira, no Centro da cidade, colocou em lados opostos o governo de Minas – que avaliou a ação como legítima – e integrantes do movimento, que a classificaram como abusiva e desproporcional. Enquanto o poder público defende que militares foram agredidos ao negociar a liberação da via pública e a garantia do direito de ir e vir, ativistas sustentam que houve exagero no uso de balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e na conduta dos PMs diante de um movimento pacífico. O episódio será avaliado no âmbito do governo de Minas, pela Secretaria de Direitos Humanos e pelos comandos das forças de segurança. Em tarde de denúncias na Defensoria Pública de Minas Gerais, ativistas prometeram acionar até mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU). O grupo anuncia novo movimento para hoje, enquanto a Polícia Militar avisa: está mantida a orientação de não permitir obstrução de vias públicas.
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Secretário avalia que houve erro na ação da PM durante protesto no Centro de BHPM se exalta com manifestantes detidos em hotel no Centro de BH; assista Confira os vídeos do protesto contra o aumento das passagens de ônibus em BHSegundo protesto contra alta das tarifas percorre o Centro e termina de forma pacíficaHotel invadido por manifestantes perde hóspedes e contabiliza prejuízosVídeos gravados por manifestantes e pela PM serão analisados para verificar se houve abusosO movimento Tarifa Zero vai denunciar o uso da força contra os manifestantes na Organização das Nações Unidas, além de acionar a Promotoria de Direitos Humanos, órgão responsável pelo controle externo da Polícia Militar. Estão sendo colhidos relatos e vídeos a serem enviados à entidade que, em 2014, aprovou resolução orientando os estados a garantir o direito à livre manifestação pacífica e condenar o uso da violência e da prisão arbitrária durante protestos. A Polícia Militar também garante ter vídeos que mostram as tentativas de negociação antes do uso da força.
Durante a manifestação, pessoas ficaram feridas com balas de borracha e estilhaços de bombas de efeito moral, a maioria estudantes secundaristas e universitários. Segundo uma das integrantes do movimento Tarifa Zero, a cientista social Natália Duarte, de 25 anos, houve uso desproporcional e irresponsável da força pelos militares já que, afirmou, o protesto era pacífico e os manifestantes já estavam liberando parte da pista, conforme orientação da PM. “Estava tudo tranquilo.
A ação dos policiais do Batalhão de Choque será avaliada dentro da própria corporação, que vai analisar “o emprego técnico no episódio, normas, legislação em vigor e técnica policial”, como informou a nota enviada pelo estado. Ontem, o comandante do Batalhão de Choque da PM, tenente-coronel Gianfranco Caiafa, afirmou já ter sido questionado pelo chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE), coronel Robson Queiroz, a quem explicou todo o procedimento. Segundo o policial, houve pelo menos quatro tentativas de negociação e um aviso de que se a Rua da Bahia não fosse liberada, o Batalhão de Choque agiria em cinco minutos. “Antes mesmo de esse tempo passar, fui atingido por uma pedra, que bateu em meu coturno e resvalou em minha mão, me cortando. Diante do ataque, dei a ordem para a desobstrução”, afirmou.
APURAÇÃO A Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) está à frente das apurações do episódio, ao lado dos comandos da própria PM, da Polícia Civil e da Defensoria Pública. O Ministério Público de Minas Gerais, por meio da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, ainda não havia recebido denúncias até a tarde de ontem.
O secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, defendeu a criação de padrões de ação para a Polícia Militar de Minas Gerais lidar com manifestações no estado.
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