Esmeralda começou a usar a pista do CEU em meados dos anos 1970, treinada pelo professor e seu descobridor Emerson Silami, com quem se casaria em 1977, um ano depois de disputar os Jogos Olímpicos de Montreal’1976. Desde a juventude já sustentava a melhor marca dos 100m na América do Sul. Na década de 1980, quando já dividia os treinos entre Belo Horizonte e os Estados Unidos, veio a consagração com o ouro em Caracas e a participação em Los Angeles’1984, na pista e no salto triplo.
Leszek lembra que a pista deixou de ter relevância a partir da segunda metade da década de 1980, por causa da deterioração e falta de investimentos. “Em 1987, 1988, ela passou a ser usada ocasionalmente, de forma limitada, mais para ensino escolar”. Em duas oportunidades, segundo ele, a UFMG teve a chance de ganhar uma pista sintética, mas a direção optou por outras prioridades. Um dos investimentos do Ministério do Esportes acabou sendo empregado na pista da PUC. Nos anos 1990, quase todos os atletas mineiros de ponta já haviam deixado o CEU para treinar em pistas mais modernas, como a do Clube dos Oficiais, no Prado.
NOVOS TEMPOS Em 2007, com o aluguel do CEU para a vinda do Cirque du Soleil, houve uma mobilização grande de entidades esportivas e meios de comunicação por causa do fim da pista de atletismo. “Gerou uma discussão grande, pois notou-se que a pista já não existia e sempre estava em segundo plano. Foi quando se percebeu a necessidade de uma nova estrutura, para formação de atletas visando aos Jogos Olímpicos do Rio’2016”, lembra Leszek.
Em 2012, foi inaugurada uma nova pista de atletismo, com nove raias, que se equipara às melhores do mundo, aprovada para receber certificação Classe 1, a mais alta da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). O equipamento faz parte do Centro de Treinamento Esportivo (CTE), dirigido pelo polonês, que também forma talentos de natação, judô e taekwondo. A previsão é que até dezembro a piscina esteja em funcionamento. No mês passado, as delegações de atletismo da Grã-Bretanha olímpica e paralímpica firmaram acordo para utilizar o espaço.
Os primeiros resultados foram vistos logo. Em 2013, a jovem Núbia Soares, então com 17 anos, nascida em Lagoa da Prata, bateu o recorde sul-americano de menores no salto triplo, saltando 13,43m – 20 centímetros a mais que a marca anterior, mantida por mais de uma década. No ano passado, já treinando em São Paulo, Núbia foi campeã do Troféu Brasil, com 14,22m, e terminou o ano na liderança do ranking mundial juvenil. A meta é superar os 15m no ano que vem. Em maio, a equipe de atletas coordenada por profissionais do CTE, liderou o quatro de medalhas no Campeonato Mineiro de Menores.
Para Leszek, o CTE é um dos legados dos Jogos Olímpicos, embora o Brasil não tenha aproveitado a Olimpíada para desenvolver políticas de esporte, segundo ele. “Ações pontuais não vão resolver. O Brasil não aproveitou a oportunidade como deveria. Principalmente no atletismo, não vimos nenhuma ação. Desprezamos a chance de ampliar a formação de atletas no Brasil.”
LINHA DO TEMPO
8/3/1971
Inaugurado o Centro Esportivo Universitário (CEU) da UFMG
24/8/1983
Esmeralda de Jesus, que treinava no local, conquista o ouro Pan de Caracas’1983, correndo 100m em 11s31
5/6/1986
Esmeralda quebra o recorde mundial do salto triplo, com 13,68m, batido no ano seguinte
Década 1990
Obsoleta, a pista perde relevância na formação de atletas, que passam a treinar na PUC e no Clube dos Oficiais, no Prado.
29/6/2012
Inaugurado o Centro de Treinamento Esportivo
Julho/2015
Equipes britânicas olímpica e paralímpica fecham acordo para se preparar no local para o Rio’2016