Com 22 painéis e totens explicativos, a mostra irá até 15 de novembro em BH e terá caráter itinerante, diz o coordenador da CPPC, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda. “Queremos que as fotografias sejam vistas pelo maior número de pessoas, em especial nas cidades que tiveram muitos bens furtados, como Nova Era, Ouro Preto, Tiradentes e Oliveira”, afirma Marcos Paulo, destacando que, nas metas, estão a educação patrimonial e as denúncias. “A estimativa é de que 90% das peças desaparecidas estejam com colecionadores de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) e 10% fora do Brasil. Tudo está no alvo das investigações.”
Esta é a primeira grande exposição em Minas sobre os bens desaparecidos de igrejas, capelas, museus e prédios públicos – na década passada, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, focou os bens tombados. “Nos últimos anos, não tivemos muitos furtos em Minas, mas nossa lista não para de crescer.
DEVOLUÇÃO O registro fotográfico é vital para localizar as peças e nem todas estarão contempladas na exposição. Mais de 300 dos 707 objetos sacros procurados nunca foram retratados e outro tanto tem material em baixa definição. Assim, cerca de 100 retratos serão mostrados, entre eles, as imagens de São Roque, de Campanha, e Nossa Senhora do Bonsucesso, de Serranos, ambos no Sul de Minas, Santana Mestra, de Itacambira, na Região Norte, e Nossa Senhora da Assunção, de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Muita gente contribuiu para o trabalho, enviando retratos antigos de celebrações religiosas, nos quais as imagens aparecem. Tal registro é fundamental na busca”, observa o promotor de Justiça.
“No ano passado, fizemos uma exposição sobre os bens recuperados em 12 anos. Só pelo MPMG, foram 365, e muitas imagens já retornaram aos seus locais de origem, o que, aliás, é o maior objetivo”, conta Marcos Paulo.
Entusiasmado com a campanha de resgate do patrimônio e ações da Promotoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico, que completará 10 anos no mês que vem, Marcos Paulo está satisfeito com as devoluções, em especial as espontâneas, como ocorreu recentemente com oito peças da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, na Grande BH. “Queremos que as pessoas denunciem os furtos. Muitas comunidades estão conscientes da situação e de que os acervos reúnem fé, cultura, história e arte. Acreditamos que 60% do patrimônio cultural de Minas constituído por bens móveis tenha sido retirado de seus locais de origem, alimentando um comércio ilegal altamente rentável”, informa.
De acordo com o recente levantamento do CPPC, os castiçais de igrejas e capelas são os campeões de furtos (veja o quadro), seguidos de coroas, resplendores, cálices, crucifixos e imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Sebastião. A pesquisa mostra ainda que, em 50 anos (1964-2014), os anos de 1981 (39 furtos), 1994 (90), 2003 (78) e 2008 (55) foram os mais férteis para os ladrões. Nos dois últimos anos, registraram-se apenas dois.
REFERÊNICIA Ao lembrar que a promotoria (CPPC) foi a primeira criada no país para cuidar especificamente do patrimônio cultural, Marcos Paulo revela que muitas peças encontradas nas operações policiais em Minas Gerais foram entregues às autoridades de outros estados. Ele acrescenta que o trabalho realizado aqui deu frutos e serviu de referência até para o Nordeste. “Em 2009, fiz uma palestra em Oeiras, primeira capital do Piauí, e me falaram sobre a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Vitória, desaparecida havia décadas da igreja do século 17.
EXPOSIÇÃO ITINERANTE
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Entre em contato com a Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, pelo e-mail cppc@mpmg.mp.br ou telefax (31) 3250-4620
Em Belo Horizonte, a mostra irá de 21 de agosto a 15 de novembro, no Museu Mineiro, que fica na Avenida João Pinheiro, 342, Circuito Cultural da Praça da Liberdade .