Todos os dias os fiscais de trânsito da Polícia Militar e da Guarda Municipal flagram e multam, em média, três veículos com as características alteradas em Belo Horizonte, como mudanças na suspensão, alterações na iluminação, modificações no motor, entre outras mexidas. Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) e superam a média registrada em 2014. Enquanto no ano passado foram 1.046 autuações, ou 2,86 por dia, nos seis primeiros meses de 2015 essa média subiu 18% até chegar na atual, de 3,38 multas diariamente, fechando o primeiro semestre com 609 registros. O aumento também é verificado quando comparados os dados de todo o estado (veja quadro). Para o Detran, a estatística ainda está abaixo da realidade, já que muitas pessoas rodam com veículos modificados em áreas onde normalmente a fiscalização é mais rara, aumentando os riscos para o tráfego mesmo quando as alterações têm apenas caráter estético.
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Motorista que provocou acidente com duas mortes em BH ao testar turbo deixa a prisãoMotorista que provocou acidente ao testar turbo participaria de corrida de arrancada em setembroCasal morto por motorista imprudente deixa dois filhos e parentes inconformadosSegundo o vistoriador do Detran/MG, Flávio Augusto de Andrade, o serviço de instalação do turbo só pode ser feito em uma oficina homologada pelo Denatran, o que não existe em Minas Gerais, caso o objetivo seja transitar pelas ruas da cidade. “É essa homologação que garante que aquele serviço está sendo feito com todas as modificações necessárias para readequar o veículo à sua nova potência”, afirma o vistoriador. Depois disso, ainda é necessário buscar uma inspeção em algum estabelecimento credenciado pelo Detran para garantir que a modificação é segura e obter o Certificado de Segurança Veicular (CSV).
O professor Rogério Botelho Parra, coordenador do curso de Engenharia Mecânica e Aeronáutica da Fumec, diz que as alterações feitas por conta e risco dos condutores, sem seguir os procedimentos legais, aumentam as possibilidades de acidentes. “O principal problema é o fato de os demais componentes do carro não acompanharem uma mudança, por exemplo, na potência do motor. Dependendo da complexidade das alterações, às vezes o condutor precisa até passar por um curso, porque ele não tem capacidade para conduzir o carro daquele jeito”, afirma o especialista. Outro exemplo dado pelo professor é o rebaixamento. “Numa alteração desse tipo, você acaba mudando o centro de gravidade do carro e pode ser que ele não faça uma curva como deveria”, completa.
O que diz a lei
Segundo o artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), conduzir o veículo com a cor ou característica alterada é considerado infração grave. O motorista paga uma multa de R$ 127,69, perde cinco pontos na carteira e tem o veículo retido para regularização.
Como ficou?
ACIDENTE COM TURBO
Motorista foi solto após pagar fiança
O motorista José Almério de Amorim Neto (foto), de 35 anos, que conduzia o Gol turbinado pela Avenida Américo Vespúcio, Região Noroeste de BH, no momento da batida que matou um casal, no dia 3, foi levado ao Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na quarta-feira, ele foi solto por meio de habeas corpus concedido pela Justiça, que estipulou fiança de 50 salários mínimos (R$ 39,4 mil) e determinou a suspensão de sua carteira de habilitação. Segundo a Polícia Civil, foi constatada a alteração de característica do veículo (motor turbinado), o que significou a aplicação de uma multa, e o carro foi apreendido. O motorista foi indiciado pelo duplo homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.