A previsão de tempo seco para os próximos dias em Minas Gerais acende o sinal de alerta para o risco de incêndios florestais. No fim da tarde de ontem, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontavam para 257 focos de calor em vegetação no estado, com base no mapa de controle de queimadas e incêndios. O acumulado deste ano é de 1.505 focos, número 36% menor que o registrado nos 12 meses de 2014 (2.364). No ano passado, o período de estiagem teve início em maio e se estendeu até outubro. Neste, houve chuvas até junho.
Apesar de o período de estiagem ter se iniciado mais tarde, somente no primeiro semestre de 2015 o Corpo de Bombeiros atendeu 2,3 mil incêndios florestais. Com o tempo seco ontem na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram nove chamadas para fogo em vegetação, três delas em lotes vagos. Em alguns casos, quando os bombeiros chegaram a situação já estava controlada.
Na Região do Barreiro foram duas chamadas. Na Vila São Judas Tadeu, no Bonsucesso, por volta das 15h30 chamas começaram a arder na mata atrás de um depósito particular de veículos. Um dos funcionários do local, Jair Martins, de 56 anos, disse que ligou para o Corpo de Bombeiros de imediato, mas até as 16h30 nenhuma viatura tinha chegado ao local.
Com baldes de água e ajudado por dois vizinhos, Martins tentava apagar pequenos focos em vegetação dentro do depósito, que, segundo ele, surgiram depois que o vento trouxe da mata algumas centelhas. Nenhum veículo foi atingido pelo fogo, mas o vigilante disse que as chamas ficaram bem próxima dos caminhões estacionados perto do muro aos fundos.
Outra preocupação era de que o incêndio se alastrasse em direção ao Hospital Eduardo de Menezes. Por sorte, o fogo atingiu somente a vegetação rasteira e seca. As árvores maiores, que ainda não estão secas, resistiram às chamas. Situação semelhante ocorreu em mata no Bairro Olhos d’Água, próximo à Escola Pedro França. Também houve casos de incêndios em vegetação no Bairro Batatal, em Igarapé, no Parque Ambiental Serra Verde, Região do Venda Nova em BH, entre outros.
RODOVIAS As queimadas às margens de estradas têm sido responsáveis pela devastação de boa parte mata atlântica e do cerrado mineiros entre as serras fluminenses, paulistas, capixabas e o planalto goiano, conforme o Estado de Minas denunciou em matéria publicada ontem. A vegetação encolhe à razão de um hectare (ha) para cada quilômetro e meio rodado nas rodovias BR-040 e BR-381, as mais movimentadas de Minas Gerais. Ao longo dos 1.625 quilômetros das duas estradas no estado, uma área de 1.054ha que era ocupada por florestas se perdeu só em 2013, rombo que é três vezes maior que o Parque das Mangabeiras (337ha), em Belo Horizonte, e quase sete vezes o Parque do Ibirapuera (158ha), em São Paulo.
Na maioria das vezes, as queimadas ao longo de rodovias começam por destroços de veículos acidentados e não recolhidos, derramamentos de cargas de produtos químicos, falta de drenagens eficientes e de fiscalização das faixas de domínio. Esses incêndios são o componentte mais devastador para os ecossitemas, destruindo árvores, bosques, empobrecendo o solo de nutrientes e secando nascentes.