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Estado de Minas

Racionamento de água já é realidade em nove cidades de Minas

Enquanto na Grande BH Copasa sustenta que não haverá cortes no fornecimento de água, restrição já é anunciada em pelo menos nove municípios do interior. E a lista está crescendo


postado em 18/08/2015 06:00 / atualizado em 18/08/2015 09:47

Reservatório seco em Francisco Sá, Norte de Minas, que decretou estado de emergência, como outras 103 cidade mineiras (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A PRESS )
Reservatório seco em Francisco Sá, Norte de Minas, que decretou estado de emergência, como outras 103 cidade mineiras (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A PRESS )

Se o risco de racionamento de água foi afastado pela Copasa na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os cortes no fornecimento já são realidade em pelo menos nove cidades do interior do estado. A Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae/MG) recebeu comunicados nesse sentido emitidos por seis cidades vinculadas à agência, quatro das quais abastecidas pela Copasa (Medina, Ubá, Mato Verde e Catuti) e duas com serviço próprio de água e esgoto (Juiz de Fora e Itabira). A reportagem do Estado de Minas também identificou outras três cidades com serviço autônomo, não reguladas pela Arsae, nas quais já estão em vigência medidas de restrição (Viçosa, Pará de Minas e Francisco Sá), somando pelo menos nove municípios com problemas causados pela crise hídrica. Em todo o estado, 104 cidades decretaram situação de emergência devido à seca, desde o início do ano.

A Arsae/MG informa que é responsável por regular o saneamento em 634 cidades, 630 delas com serviço provido pela Copasa ou pela Copanor, subsidiária da estatal, que atua no Norte de Minas – além de quatro autônomas. Com base em regulamentação de maio deste ano, para que esses municípios apliquem medidas de corte de consumo, é necessário que encaminhem um plano a ser fiscalizado pela agência estadual. Seis já cumpriram esse procedimento e já há informações de que Astolfo Dutra, na Zona da Mata, também o fará. “O objetivo é garantir que a população tenha acesso principalmente aos detalhes do plano de racionamento, para que cada um possa se programar”, afirma o diretor-geral da Arsae, Gustavo Cardoso.

A autarquia já fiscalizou os planos de Medina (Vale do Jequitinhonha), Ubá e Juiz de Fora (Zona da Mata) e ainda pretende visitar Itabira (Região Central), Mato Verde e Catuti (Norte). Cardoso prevê um ano de 2016 mais complicado, caso as chuvas não sejam mais significativas do que na temporada 2014/2015. “Se o déficit hídrico se prolongar no ano que vem, mais cidades podem ter problemas graves”, alerta. A Arsae considera racionamento medidas como redução de pressão ou rodízio de fornecimento, que possam trazer como impacto o desabastecimento.

A Copasa informou ter instalado em Medina reservatórios públicos em pontos estratégicos, reforçando o abastecimento com caminhões-pipa. Em Mato Verde e Catuti, foi iniciado o processo de contratação de caminhões-pipa, segundo a estatal. Em Ubá, foram perfurados 15 poços, que estão em processo de ativação, informou a empresa.

RODÍZIO

Na quarta maior cidade de Minas, os cortes no consumo de água já são realidade há mais de 10 meses. O rodízio em Juiz de Fora, com cerca de 550 mil habitantes, está em vigor desde outubro do ano passado, segundo o diretor-presidente da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), André Borges de Souza. Ele afirma que, em julho deste ano, a política foi intensificada, com o objetivo de evitar problemas graves no abastecimento da cidade. Atualmente, o sistema de rodízio vai de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h. Cada região da parte mais baixa da cidade fica sem receber água nesse período uma vez por semana. Na parte alta, a frequência sem o recurso é de duas vezes na semana.

André diz que a medida forçada pela crise hídrica fez a economia chegar a 6% na cidade, mas não descarta um arrocho ainda maior, caso o nível dos reservatórios não seja suficiente para o abastecimento da população até o fim do período seco. A Represa Doutor João Penido, principal reservatório da cidade, estava ontem com 25,3% de seu volume, enquanto no mesmo período de 2014 o nível era de 48,2%. “Quem mora nas partes mais altas e tem reservatório menor, que é parcela muito pequena da população, está sentindo mais a falta de água. Para os demais a água chega no limite, mas normalmente não há desabastecimento”, sustenta.

Em Itabira, o racionamento começou há 20 dias, com cortes para toda a cidade. Os moradores recebem água durante 16 horas e ficam sem nas outras oito, segundo o engenheiro sanitarista José Martins Borges, do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). O motivo da restrição, segundo ele, é a baixa vazão dos ribeirões Pai João e Pureza, de onde a prefeitura retira água para abastecer os cerca de 107 mil habitantes.

Em Viçosa, na Zona da Mata, os cortes são feitos intercalando os bairros, também com períodos de torneiras secas que chegam a oito horas, conforme o diretor do Saae da cidade, Vicente Alvim. O problema também atinge Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado, desde 12 de agosto. O rodízio no abastecimento começou no Bairro Jardim das Piteiras e em parte do Dom Bosco. A concessionária Águas de Pará de Minas trabalha na conscientização da população para reduzir o consumo na cidade, mas a falta de chuva prejudica o serviço.

A crise enfrentada por cidades do interior do estado é confirmada pelo monitoramento hidrológico dos mananciais feito pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). O último relatório traz vazões pontuais em três rios que, se repetidas por pelo menos sete dias seguidos, vão significar restrição de consumo na ordem de 20% para o abastecimento humano. São eles os rios Piranga, na Zona da Mata, que é um dos formadores do Rio Doce, do Cervo, no Sul de Minas, e Serra Azul, na Grande BH. Eles se encontram em estado de alerta, último estágio antes da restrição (veja quadro).


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