O advogado dos seis suspeitos de integrar uma seita religiosa conhecida como “Comunidade Evangélica Jesus, a verdade marca”, que age desde 2005 em Minas, com ramificações em São Paulo e Bahia, para praticar crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas, contesta as prisões. Leonardo Carvalho Campos, que defende o Pastor Cícero Vicente Araújo, apontado pela Polícia Federal (PF) como o líder do grupo, afirma que as prisões são 'injustas' e 'desnecessárias'. O defensor afirma que se a prisão temporária, que vence na próxima sexta-feira, foi prorrogada vai entrar com um recurso para soltar os investigados.
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As investigações da PF apontam que o grupo religioso arrebanhava pessoas aproveitando da fragilidade das mesmas e as convencia a doar todos os seus bens para serem aceitas em uma espécie de “mundo paralelo”. O argumento usado era de que “tudo seria de todos”. Muitas vítimas ficavam confinadas em fazendas, dormindo em alojamentos coletivos, trabalhando em situação análoga à de escravidão, sem receber nada de salário. Os investigadores estimam que o valor dos bens recebidos em doação chegue a cerca de R$ 100 milhões.
Para o advogado, as acusações não procedem. “Eu advogo para o pastor há 10 anos. Conheço as fazendas e por várias vezes estive no local. Não existe o que estão falando. Em 2005 teve uma operação e o Ministério Público do Trabalho (MPT) declarou que não existia trabalho escravo. Em 2013 fizeram outra investigação e agora esta. Se existisse o processo análogo a escravidão, como vêm falando, teriam que libertar os escravos, não teriam?”, questiona Leonardo de Campos.
O delegado João Carlos Girotto informou, nesta quarta-feira, que ainda não decidiu se pedirá a prorrogação da prisão temporária dos presos, que é de cinco dias, podendo ser prorrogada por mesmo período.
Ex-seguidora defende seita
O Estado de Minas esteve em São Vicente de Minas, na Região Sul de Minas Gerais, em uma das fazendas que pertence a seita. Várias mulheres e algumas adolescentes trabalhavam nessa terça-feira no cultivo de ervilhas. Mas, assim como outros integrantes da comunidade que atuam em lojas do grupo na cidade, elas são orientadas a não conversar com ninguém de fora. Mais adiante, um grupo trabalhava no cultivo de banana, laranja, maracujá, limão e café. Na portaria de acesso à sede da fazenda e aos galpões onde os fiéis vivem, um dos moradores se sentia difamado por se considerado escravo pelas autoridades policiais. Segundo ele, 'ninguém trabalha acorrentado' e que 'todos podem sair das fazendas a hora que quiser'. .