Tiradentes – Um fim de semana movimentado: além das inúmeras atrações em torno da boa mesa, a 18ª edição do Festival Cultura & Gastronomia de Tiradentes ficará marcada pelo lançamento de iniciativas que envolvem o fomento à indústria criativa e também por ser o primeiro grande evento na cidade após ruas do Centro Histórico serem fechadas ao tráfego de veículos.
Em abril, a prefeitura local passou a proibir o tráfego de automóveis e motos em algumas vias durante os fins de semana e feriados. O objetivo, segundo o prefeito Ralph Justino, é proteger o patrimônio datado dos séculos 18 e 19 e proporcionar a quem chega o prazer de conhecer as inúmeras atrações que a cidade oferece durante passeios a pé. A restrição envolve o perímetro entre as ruas Direita e Padre Toledo (sentido horizontal) e Largo do Sol e Rua da Câmara (vertical). A iniciativa foi bem recebida por moradores, turistas e comerciantes.
As amigas Roberta Perdigão Melo Castro, psicóloga, e Ana Karina Ferreira, administradora de empresas, também aprovaram a iniciativa. “O turista fica mais livre, mais relaxado para andar sem ter que disputar o espaço com automóveis”, disse a primeira. “Penso que o objetivo nem é só preservar o patrimônio histórico, mas também incentivar as pessoas a descobrirem as atrações da cidade durante o passeio”, refletiu Ana Karina.
Estudante de arquitetura e urbanismo, Diego Nogueira Dias aplaudiu a iniciativa e criticou pessoas que insistem na comodidade do automóvel em detrimento de um bem que caracterizou como físico e moral. “Hoje (ontem) mesmo assisti uma motorista fazer um barraco, porque o carro não podia passar. Uma pena para ela e para o patrimônio histórico. Tenho estudado muito essa questão, tenho consciência de que o impacto dos veículos é extremamente prejudicial para as edificações e penso até que a prefeitura deveria estender a proibição do tráfego também para os dias de semana”.
Também ontem, o prefeito Ralph Justino afirmou que as primeiras ações para a revitalização do calçamento do Centro Histórico tiveram início na última semana. “O levantamento topográfico da área está sendo realizado a partir da Rua da Santíssima, e depois será realizado na Pedreira. Mas ainda são atividades técnicas e não há previsão para o início das obras”.
BOA MESA O Festival Cultura & Gastronomia envolve os restaurantes e o comércio local, e também grande estrutura de serviços montada em dois locais estratégicos da cidade. No Largo das Forras, principal praça do Centro Histórico, há bares e restaurantes itinerantes e oferta de aulas públicas e gratuitas promovidas pelo Senac. Já a Praça da Rodoviária é transformada no Largo do chef, e conta com atrações gastronômicas e culturais. Há, ainda, feirinhas de produtos artesanais variados como queijos, carnes, doces, cachaça e cafés, entre outros. Em cartaz até o dia 31, próximo domingo, a expectativa da organização é receber 40 mil visitantes para esta edição.
No início da tarde de ontem, o casal Paula Morais e Fernando Paulineli já havia experimentado o sabor do festival. “Estamos adorando o clima, os comes e bebes. Provamos queijos, doce de leite e a tradicional carne na lata. Espetacular!”, disse a moça. O empresário Eduardo Garcia esbanjava satisfação. Porta-voz de um grupo com mais de 30 pessoas vindas de várias regiões do Brasil, ele elogiou a tilápia crocante, o bolinho de risoto e o bobó de camarão. “Está tudo muito bem-feito e saboroso, são receitas criativas que aguçam a curiosidade e aumentam o apetite. Fechamos uma pousada e pretendemos voltar sempre, em todos os anos”, registrou.
* A repórter viajou a convite da organização do evento
Incentivo à economia criativa
Também durante o festival, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Marco Antônio Castello Branco, lançou o Programa Minas de Todas as Artes, como incentivo à indústria criativa. Inédita, a ação objetiva fomentar o desenvolvimento de novos negócios que gerem empregos, renda e riquezas para o estado. Até o fim de 2018, serão investidos mais de R$ 20 milhões em iniciativas de valorização de variados segmentos, como gastronomia, audiovisual, design, moda, música e novas mídias. “Há muitas definições sobre o conceito de economia criativa, mas gosto de dizer que é a atividade baseada na oferta de uma experiência, que transmite uma sensação e contribui para a bagagem cultural e sensorial do consumidor. Experimentar uma refeição, ler um livro ou assistir a um filme são exemplos de consumo em torno da economia criativa”, ressaltou Castello Branco. Já o governador Fernando Pimentel afirmou que “apoiar a indústria criativa de Minas Gerais faz parte da política de incentivo do governo do estado”.
Os primeiros editais para o programa – um de fomento à produção audiovisual e outro de apoio à realização de festivais de gastronomia no estado – serão publicados na terça-feira. Cada um deles contará com recursos de R$ 1,5 milhão. “Será uma oportunidade para a transformação de boas ideias em ações planejadas, melhor estruturadas e constantes, pois o projeto vai até 2018”, reforça o presidente da Codemig.
Entidades como Sebrae, Fiemg e Fecomércio, além das secretarias de Estado de Turismo e de Cultura estão entre os parceiros do projeto. No segmento da gastronomia, o programa contemplará seis eventos exclusivamente dedicados à divulgação e à comercialização de alimentícios, com realização prevista até o fim de 2016. Os selecionados receberão investimento de até R$ 250 mil, cada. (LV)