Jornal Estado de Minas

Motoristas reclamam de falta de melhorias nos pedágios da BR-040

"Não houve melhorias no trecho que percorro. Falta acostamento, faltam passarelas", Nilson de Moura Santos, vigia, que vai pagar pedágio todos os dias - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press
Os pedágios da BR-040, localizados nos municípios de Itabirito (km 577) e Barbacena (km 643), na Região Central, entraram ontem em operação sob reclamações de moradores de povoados e bairros vizinhos. Há usuários que pagarão para usar curtos trechos diários e que ainda não receberam melhorias na pista, como construção de área de escape e divisória física entre direções contrárias. Com as duas novas praças funcionando, agora as 11 praças entre Brasília e Juiz de Fora estão em operação.


É o caso de Nilson de Moura Santos, de 47 anos. Pai de cinco filhos, ele mora num sítio, na comunidade de Ribeirão do Eixo, em Itabirito, a poucos metros da BR-040, e trabalha como vigia a menos de 10 quilômetros de lá, em um condomínio localizado às margens da rodovia. Nilson recebe salário de R$ 1,1 mil e, levando-se em conta a média de 22 dias úteis em cada mês, desembolsará R$ 202,40 com o serviço, o correspondente a 18,4% de seu contracheque. “Inacreditável! Não houve melhorias no trecho que percorro. Falta acostamento, faltam passarelas...”, reclama.

O vigia precisará de R$ 9,2 por dia para atravessar o pedágio. A praça em Itabirito foi alvo de polêmica logo depois de o governo leiloar a BR-040, pois o projeto original previa o pedágio num trecho entre os condomínios de Nova Lima.
Moradores da cidade vizinha, que trabalham ou estudam na capital, protestaram.

Depois de ações judiciais, o pedágio foi construído alguns quilômetros adiante, em direção ao Rio de Janeiro. Ainda assim, há quem não se livrou da cobrança, como o empresário Arley Carvalho Lages, de 49, presidente do Conselho de Desenvolvimento do Ribeirão do Eixo (Codecre). “Trabalho em BH e até concordo com pedágio, desde que a rodovia esteja em perfeitas condições de uso, com área de escape, passarelas, asfalto em excelente estado e pista toda duplicada, entre outros serviços”, justificou. Para ele, há quem buscará rotas alternativas com o objetivo de evitar o pagamento do pedágio.

- Foto: Uma delas aumenta o percurso em oito quilômetros e é em chão batido, mas comentários na região sugerem que uma mineradora irá asfaltá-la. “Se isso ocorrer, será bom para muita gente”, acredita Alencar Pires Estocler, de 57, que mora a menos de um quilômetro da praça do pedágio. “Duas vezes por semana faço compras num lugar (em direção a Congonhas) e precisarei passar pela praça. O jeito é pagar.
A compra, contudo, sairá mais cara”, disse Estocler, cuja residência fica próxima à entrada do Condomínio Villabella.

INTERVENÇÕES A Via 040, que administra o trecho, informa, em sua página na internet, que 90 colaboradores foram contratados nas praças de Itabirito e Barbacena e que, nos próximos quatro anos de intervenções e serviços, cerca de 6,5 mil vagas diretas e indiretas serão geradas no pico das obras.

Ainda segundo a concessionária, no trecho entre Nova Lima, na Grande BH e Juiz de Fora, na Zona da Mata, houve a recuperação de 304,1 quilômetros de pavimento, reforma e revitalização de 66 pontes e viadutos, revitalização da sinalização horizontal (pintura de 1.982 quilômetros de faixas nas pistas de rolamento, instalação de 5,5 mil placas de sinalização e de 131.751 tachas refletivas (olhos de gato).

Também foram implantados 37,8 mil metros de defensas metálicas nas margens e nos canteiros centrais das pistas. A empresa destacou que oferece aos usuários serviços como atendimento médico de emergência e socorro mecânico, entre outros.

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