Apesar de o risco de racionamento ter sido afastado da Região Metropolitana de Belo Horizonte pela Copasa, moradores ainda reclamam de escassez de água na capital mineira, especialmente na Região do Barreiro. O problema aparece de duas formas. Primeiro, há queixas da falta ou da chegada do recurso com baixa pressão de forma repetida ao longo de uma semana. O problema também é observado em caso de paradas pontuais, como a de anteontem no Sistema Paraopeba, que se estendem mais do que o previsto pela companhia e secam as torneiras da população. A reportagem viu na segunda-feira moradores desabastecidos nos bairros Araguaia e Milionários, mesmo depois do prazo estipulado pela Copasa para normalizar o fornecimento em BH e outras 14 cidades. A previsão é que essa semana o Paraopeba atinja o nível mais baixo de 2015, que também é o recorde negativo na história do abastecimento da Grande BH, segundo a empresa.
O inspetor de qualidade Antônio Jerônimo Vidal, de 67 anos, mora com a esposa no Bairro Araguaia e tem economizado água desde que a crise foi anunciada na Grande BH. Porém, mesmo com um volume reservado na caixa que abastece o imóvel na Rua Ponta Grossa, ele tem observado com frequência o hidrômetro sem registrar nenhuma entrada de água, sempre por volta de meio-dia até cerca das 16h. “Quando isso acontece, eu faço o teste e ligo a torneira da garagem, por onde passa a água que vem direto da rua. Costuma sair água com uma pressão muito baixa e não consigo levá-la até o terraço com a mangueira. Tenho percebido essa situação de duas a três vezes por semana”, afirmou.
Já na Rua José Luiz Dias Duarte, nos limites entre os bairros Milionários, Araguaia e Bonsucesso, moradores estavam preocupados na tarde de ontem. Afetados pela paralisação do Sistema Paraopeba programada pela Copasa, mesmo mais de 12 horas depois do encerramento do corte nenhuma gota tinha aparecido nas torneiras de pelo menos três casas. A empregada doméstica Ely Pereira Ferreira, de 53, disse que a interrupção começou no domingo, mas ontem, por volta das 14h, nenhuma gota veio da rede da rua. “Só tenho um pouquinho na caixa e já estou lavando vasilha com caneca. Aqui em casa são quatro pessoas e estou muito preocupada”, contou.
No lote onde a mora a auxiliar administrativa Vitória Caroline de Assis Caldeira, de 24, são duas casas e sete moradores. Para ambas, a água da rua não entrava desde sexta-feira até a tarde de ontem, e no imóvel da mãe a caixa já estava vazia. O resultado foi a pia cheia de vasilhas para lavar. “O banho, eles estão tomando lá em casa, mas eu não tive condição até agora de lavar o banheiro. Só tem um pouquinho na minha caixa, que vai acabar rapidamente se a água não voltar”, disse Vitória. Segundo a Copasa, a paralisação programada ocorreu entre as 5h e a meia-noite de domingo. As 19 horas sem água foram necessárias para interligações de pontos de conexões das novas adutoras do sistema Rio Manso, em Brumadinho e em Sarzedo, além da substituição de 12 registros de descarga na linha da elevatória de água tratada e manutenção elétrica das subestações das elevatórias de água bruta e tratada.
CHUVAS De acordo com a meteorologista Anete Fernandes, do 5º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma frente fria que está atuando sobre o Oceano Atlântico vem avançando e provoca instabilidades que podem causar chuvas nas regiões Sul, Sudoeste e Zona da Mata de Minas. Para a Grande BH, ela diz que a circulação de ventos vai aumentar a nebulosidade, mas o órgão descartou que essa situação seja suficiente para trazer a chuva para os belo-horizontinos. “Tem uma outra frente fria que deve avançar no decorrer da semana e poderá trazer chuva para Belo Horizonte no fim de semana”, afirma.Já o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Instituto Tempoclima PUC/Minas, prevê que o aumento da nebulosidade pode, sim, provocar chuvas na Grande BH no fim da tarde de hoje. “De qualquer forma, essas chuvas não terão grande impacto e vão ajudar mais para a melhoria da qualidade do ar e para uma pequena redução das temperaturas”, afirma.