Uma avalanche de compartilhamentos sobre o desaparecimento de uma criança de 11 anos – que envolveu internautas de Belo Horizonte, Minas Gerais, de outros estados e até do exterior – deixou evidente como uma mobilização via mídias sociais pode ajudar na busca de desaparecidos e facilitar o trabalho da polícia. Depois que o dentista e pastor Clóvis Antônio Chaves, de 38 anos, pai do garoto Pedro Lucas, usou quatro perfis no Facebook para divulgar uma imagem do menino, que havia sumido de casa, em Belo Horizonte, a informação inundou milhares de outros perfis e se disseminou também para outras redes, como WhatsApp e Twitter. Só no Facebook, foram mais de 86 mil compartilhamentos, o suficiente para a Polícia Militar receber a informação de que o garoto, que mora no Bairro Céu Azul, em Venda Nova, tinha sido visto nos bairros Lagoa e Lagoinha, na mesma região, permitindo que Pedro fosse localizado por volta das 21h30, menos de seis horas depois do sumiço espontâneo.
A Polícia Militar confirma que esse tipo de disseminação de informações via redes sociais pode nortear e aumentar o sucesso nas buscas, mas faz uma ressalva de que informações equivocadas podem ter efeito contrário e atrapalhar o resultado de um trabalho de localização, por exemplo. O tenente Ronan Sassada, do 49º Batalhão da PM, era o chefe do turno de serviço da unidade no momento em que Pedro Lucas sumiu, pouco antes das 16h. Ele disse que a corporação foi acionada e rapidamente começou a tentar o rastreamento. “No meio do caminho, recebemos uma informação de que o menino estava andando de bicicleta na orla da Lagoa da Pampulha. Tivemos viaturas que deram três voltas completas na lagoa e fizeram buscas em matagais, desviando o foco do trabalho”, explica o oficial.
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"Pensei o pior, já que ouvimos tanto falar em sequestro", diz pai de Pedro LucasPolícia encontra garoto de 11 anos que estava desaparecido em Belo HorizonteSegundo o tenente Sassada, em meio à corrente de informações que chegaram à PM, uma dava conta de que o garoto tinha sido visto nos bairros Lagoinha e Lagoa, vizinhos ao Céu Azul, o que direcionou as buscas da corporação. Em um campo de futebol do Lagoa, o pedreiro Luis Paulo da Silva, de 54, conta que viu Pedro passar.
A dona de casa Vera Lúcia Soares, de 66, conta que o adolescente queria apenas ajudar. “Eu vi os dois juntos e perguntei quem era o menino. Ele respondeu que era um amigo e falei que a criança devia voltar para casa”, afirma.
Ainda se recuperando do baque, a mãe de Pedro Lucas, Cristiane da Silva Chaves, de 36, que é professora, ontem ainda tentava assimilar a situação. “Estou muito aliviada. Eu só pensava no meu filho, o susto foi muito grande”, afirma. Pedro conta que uma repreensão sofrida em casa foi o que motivou o sumiço, mas diz ter se arrependido. Depois do pedido de desculpas do menino, a família não segurou as lágrimas e todos se abraçaram. Os pais ainda não sabem quando o menino vai voltar para as aulas, pois querem aguardar sua reação depois de tudo o que aconteceu.
Três perguntas para...
Clóvis Antônio Chaves, pai de Pedro Lucas
1 - Como o Pedro explicou toda essa situação?
Ele falou que queria voltar para casa, mas não conseguiu. Perguntei por que ele não ligou, já que sabe o telefone.
2 - O sumiço dele teve alguma motivação?
Não teve um fato isolado, mas pode ser a rotina. Eu vivo falando que o estudo é a profissão deles e a gente cobra muito, fica em cima. Normalmente, eles vão até a noite estudando. Por ter um histórico de dificuldade de atenção, acho que o Pedro se sente muito preso quando a gente faz esse tipo de pressão.
3 - Fica alguma lição depois de tudo que aconteceu?
Espero que as pessoas valorizem o que realmente tem valor na vida, que é a família, estar junto e aproveitar. Às vezes, colocamos muita expectativa sobre o filho, imaginamos como vai ser o futuro e ele pode não estar presente. Será que vale a pena tanta cobrança, abrir mão de passeios e lazer, pensando em um futuro que pode nem existir? Achei realmente que a gente tinha perdido o Pedro. Agora, ele renasceu para nós..