Jornal Estado de Minas

Comerciante que causou acidente com morte em BH tinha 72 pontos na carteira


O comerciante colombiano César Augusto Martinez Loaiza, de 29 anos, apontado pela Polícia Civil como o motorista de um carro que bateu em uma van e causou a morte de um engenheiro na madrugada de domingo na Avenida Nossa Senhora do Carmo, Bairro São Pedro, Centro-Sul de BH, tinha 72 pontos na Carteira Nacional de Habilitação e mesmo assim continuava dirigindo.

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), o comerciante completou os 21 pontos necessários para a abertura de um processo administrativo para suspensão da carteira em março do ano passado, mas até hoje o procedimento não tinha sido inaugurado pelo Detran. César fez o teste do bafômetro, que apontou 0,38 miligramas de álcool por litro de ar expelido nos pulmões e foi preso em flagrante pelo acidente. O delegado Anderson Alcântara, coordenador de Operações Policiais do Detran/MG, disse hoje em entrevista coletiva que a polícia vai pedir na Justiça a suspensão cautelar da CNH do colombiano, pelo menos durante o curso das investigações.

Na madrugada de domingo, César bateu em uma van que transportava 13 pessoas que voltavam de uma festa de formatura. Por volta das 5h, quando o veículo descia a avenida, o comerciante, que subia a avenida sentido bairro em um Daewoo Lanos, bateu na lateral do automóvel de passageiros, que tombou, matando o engenheiro Daniel de Oliveira Lacerda, de 40 anos, sepultado nesta manhã na cidade de Leopoldina, na Zona da Mata. A esposa da vítima, Valéria Ribeiro Lamaica Lacerda, de 41, está internada no Hospital João XXIII e o estado de saúde dela é estável. 

A colisão ocorreu quando a van, que seguia no sentido Centro, atravessava a avenida para acessar a Rua Rio Verde. De acordo com informações de testemunhas, o veículo do colombiano seguia em alta velocidade e não respeitou o sinal de trânsito, batendo na lateral da van.

Com a batida, o automóvel do colombiano pegou fogo.
“Testemunhas nos disseram que, na colisão, Loaiza saiu do carro que dirigia e pegou um táxi, sem prestar socorro às vítimas”, conta o segundo-tenente Lipovetsky, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais . No entanto, o estrangeiro voltou ao local da batida, antes da chegada dos bombeiros e depois de andar mais de 40 minutos de táxi pelo Centro de BH – a corrida ficou em R$ 70. Ele teria ido conferir o estado do próprio carro, conforme disse aos militares. Quando retornou, pessoas que estavam dentro da van e pedestres tentaram agredi-lo. “Quem o reconheceu foi um guardador de carros. Ele saiu correndo, e nós, que passávamos no momento, o detivemos”, conta o guarda municipal James de Souza. Segundo ele, o colombiano confessou o crime de trânsito.
Ele chegou a fazer o teste de bafômetro, que apontou 0,38 miligramas de álcool por litro de ar expelido. Índice acima de 0,34 mg/l é considerado crime de trânsito.

Em depoimento à polícia, disse que estava em uma boate no Bairro São Pedro que saiu de lá no carro com três amigos, quando bateu na van. O colombiano, que de acordo com seu pai, também comerciante, está em BH há quatro anos, não conseguiu dizer por que bebeu e dirigiu. “Ele afirma que não consegue se lembrar direito do que ocorreu. Falou que voltou para buscar o carro e quiseram linchá-lo”, conta o delegado do Detran Pedro Ribeiro de Oliveira Sousa, que tomou o depoimento do condutor. César foi indiciado por homicídio culposo, com crime de embriaguez e omissão de socorro. A polícia agora procura os outros três passageiros, que também responderão por omissão de socorro.
Na delegacia, cobrindo o rosto, Loaiza exalava cheiro de álcool, e confessou ter bebido vodca.

Com informações de Cristiane Silva e Luciane Evans

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