O apoio para as vítimas e a conscientização dos agressores de mulheres são medidas necessárias para diminuir a violência contra o sexo feminino. Essa é a opinião da delegada Águeda Bueno, da Delegacia de Crimes Contra Mulheres de Belo Horizonte. Nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou os números inéditos de um diagnóstico de agressões em Minas Gerais. De janeiro a junho deste ano, 283 mulheres foram assassinadas no estado, uma média de 47,1 vítimas por mês. A maioria dos agressores, 70% do total, é companheiro ou ex-cônjuge.
O Diagnóstico de Violência Doméstica e Familiar nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais, produzido pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (Cinds) revela dados registrados de janeiro de 2013 a junho de 2015. A base de dados para a pesquisa são os Registros de Eventos de Defesa Social (Reds), como são chamados atualmente os boletins de ocorrência. De acordo com o levantamento, cerca de 45% das vítimas de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais são pardas e 15%, negras.
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“O número da violência doméstica é sempre um número complicado, pois as mulheres se sentem envergonhadas e até culpadas. A partir de 2006, tivemos o aumento de campanhas de conscientização. As mulheres tomaram mais consciência e estão denunciando mais. Para se ter uma ideia, recebemos de 40 a 50 mulheres por dia na delegacia de plantão da mulher”, explica.
Para a delegada, o conflito doméstico tem que ser combatido com a conscientização das vítimas e agressores, e o acompanhamento de ambos os lados.
Outra opção usada em Minas Gerais para combater a violência doméstica é o uso de tornozeleira eletrônica em homens com histórico no crime. Atualmente, há 2.228 pessoas utilizando equipamentos monitorados pela Unidade Gestora de Monitoramento Eletrônico (UGME). Destes, 264 são agressores e 285 são vítimas monitoradas da medida cautelar Maria da Penha.
Mapa da violência
O diagnóstico da violência é importante para mapear os locais onde acontecem a maior incidência do crime em Minas Gerais. Se considerar o número de ocorrências policiais, Belo Horizonte lidera, seguido de Contagem, na Grande BH, Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Ipatinga, no Vale do Aço. Já em números de crimes por 100 mil habitantes, Uberaba, no Triângulo Mineiro, é que está na dianteira.