A primavera chega oficialmente às 5h20 do dia 23, mas, neste final do inverno, os belo-horizontinos sofrem com as altas temperaturas e a secura do ar. A Defesa Civil advertiu para a baixa umidade relativa do ar, que ficou ontem em torno de 14% – estado de alerta e já próximo do índice de emergência (abaixo de 12%) – em Belo Horizonte. Foi o dia mais seco do ano. Ressecamento da boca, doenças respiratórias, gripes e alergias são problemas de saúde que podem se intensificar em decorrência do clima seco. O desconforto deve persistir até amanhã, quando uma frente fria, que está se formando no extremo sul do país, deverá se deslocar para o Sudeste, segundo meteorologistas da Defesa Civil e do TempoClima PUC Minas.
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Umidade relativa do ar vai a 22% e deixa BH em estado de atençãoDefesa Civil alerta para baixa umidade relativa do ar em BHDefesa Civil alerta para baixa umidade relativa do ar nos próximos dias Sábado será com temperatura próxima ao recorde de calor do inverno em BHBombeiros combatem incêndio em depósito de lixo em Santa LuziaDe acordo com Dayan Diniz de Carvalho, meteorologista da Defesa Civil, o alerta de baixa umidade do ar é divulgado para que as pessoas, instituições de ensino e também as unidades de saúde possam tomar medidas preventivas. “A informação é para que as instituições possam adequar a logística para atendimento de crianças e idosos”, pontua. Para amenizar os efeitos da baixa umidade, é indicada maior ingestão de líquidos, parcimônia na prática de exercícios físicos e soluções que ajudem a melhorar o ar, como o uso de umidificador (veja quadro).
GRANIZO Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice confortável é de 60%. A aridez é causada por uma massa de ar seco estacionada sobre Minas Gerais desde sábado.
“Céu limpo nessa época do ano é sinônimo de tempo seco”, afirma Heriberto dos Anjos. Segundo ele, a frente fria está se formando na divisa do Uruguai e Argentina. “Ela deve se deslocar do extremo Sul do país pelo oceano Atlântico até o Sudeste. O encontro dessa massa de ar frio com a massa de ar seco aumenta as chances de chuva com granizo”, informa o meteorologista.
SUFOCANTE A primavera e o verão, assim como este final de inverno, devem ser mais quentes que a média histórica. As altas temperaturas são causadas pelo El Ninho, fenômeno climático que atua na faixa equatorial do Pacífico. “O reflexo no Nordeste do Brasil é a seca prolongada.
O tempo seco e baixa umidade do ar dificultam a dispersão de gases poluentes, o que colabora ainda mais para o aparecimento ou agravamento de problemas respiratórios, principalmente em menores de 5 anos e idosos acima dos 70 anos. De acordo com Cássio Ibiapina, pneumologista pediátrico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o ar seco afeta o sistema respiratório. “Nós temos uma estrutura microscópica no nariz que são os pelos. Eles podem ficar ressecados e prejudicar a filtragem às impurezas do ar. Assim, podemos inalar bactérias, vírus e poluição”, explicou.
A administradora Grasiana Bianchini, de 32 anos, sentiu a diferença de umidade entre Florianópolis, em Santa Catarina, e BH, assim que desembarcou na capital mineira no sábado. “A boca e o nariz ficam muito ressecados. Onde moro é o oposto daqui”, diz ela, que ontem se hidratava numa fonte da Praça da Liberdade.
Os consultores Aloísio Júnior da Silva Olímpio, de 25, e Leonardo Arthur do Carmo, de 23, não podem abrir mão do terno para o trabalho. Porém, entre um cliente e outro, eles aproveitaram a sombra da Praça da Liberdade, onde também tomaram água.