A crise hídrica mobiliza a Região Metropolitana de Belo Horizonte desde o início do ano, quando a Copasa fez um apelo para que os gastos de água fossem reduzidos em 30%, sob pena de racionamento. Embora a Grande BH tenha escapado da restrição de fornecimento neste ano, a campanha não surtiu o efeito esperado, já que o esforço dos consumidores foi capaz de conseguir uma poupança de 14,2%, em média, entre fevereiro e junho. Mas o que ninguém previa é que o mau desempenho viesse exatamente de quem deveria dar o exemplo: muitos órgãos públicos não apenas não atingiram a meta, como aumentaram seu gasto no período. Mais grave: o pior caso, entre os já divulgados, é justamente o da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que não promoveu sustentabilidade em seus imóveis de BH. De suas torneiras jorrou 32,35% mais água de fevereiro a julho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Ao lado da pasta cuja missão é zelar pela conservação de recursos naturais, o pior desempenho entre órgãos estaduais foi o da Secretaria de Transportes e Obras Públicas, que aumentou em 15,12% seu consumo. Outros setores do governo estadual, como a Cemig e as secretarias de Cultura e de Planejamento, não conseguiram atingir os 30% de economia, embora tenham reduzido gastos. Porém, a Copasa apurou que, no conjunto da Cidade Administrativa , a economia superou a meta, atingindo 46%.
No caso da Prefeitura de Belo Horizonte, a redução de gastos também ficou abaixo do ideal entre fevereiro e junho em órgãos como a Fundação Municipal de Cultura (aumento de 4,4%), a Sudecap e a Guarda Municipal. São todas pastas e autarquias que dispõem de hidrômetros individualizados, o que permitiu uma aferição específica no período. Em março, o prefeito Marcio Lacerda assinou decreto que instruía todos os órgãos da capital a buscar a economia de 30%. De forma geral, a administração municipal superou o objetivo, diminuindo em 32,65% seu consumo.
O comportamento dos órgãos públicos que não alcançaram a meta de economia constitui mau exemplo para os demais consumidores, na opinião do coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos da UFMG, Carlos Barreira Martinez. “O que fica, inicialmente, é uma mensagem negativa para o cidadão. O estado faz um apelo de economia e deveria, então, ser o primeiro a dar exemplo. É incabível pensar em fazer campanha e ser o poder público o primeiro a descumprir isso. Acaba desestimulando a economia e expondo uma situação de falta de controle”, observa. O especialista frisa que os motivos que levaram à ampliação do uso de água numa época tão sensível devem ser sanados. “É preciso entender a razão desse gasto excessivo, que no caso da Semad foi considerável. Isso é quase inacreditável, principalmente em um órgão que deveria estimular a redução de consumo”, afirma o especialista.
SURPRESAOs consumidores ficam surpresos com o aumento de gasto de água em alguns órgãos públicos. Ao passar na tarde de ontem em frente a uma das unidades da Semad, na Rua Espírito Santo, no Centro da cidade, a advogada Laura Mendes, moradora do Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, disse que esperava que o órgão desse exemplo. Ela conta que, há pouco tempo, foi a uma universidade e ficou espantada com os vazamentos em banheiros. “Faço economia desde muito antes de começarem as campanhas. Fico apavorada com desperdício.”
Nas proximidades da Semad, o motorista João Batista Barbosa, morador no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste, lembrou que os órgãos oficiais deveriam ser os primeiros a reduzir o consumo. “Conseguindo diminuir o gasto, as autoridades podem até divulgar essa vitória”, acrescentou.
BOM EXEMPLO Entre os órgãos que deram bom exemplo destacam-se, pelo estado, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e o gabinete do governador, que economizaram 53,28% e 35,08%, respectivamente. Do lado da prefeitura, a BHTrans atingiu 30,6%. De acordo com a empresa de trânsito, isso foi possível graças à adoção de medidas como o uso de máquina jateadora, que chega a reduzir o consumo de água em 80%, com baixo gasto de energia. A BHTrans também conduz uma campanha interna para a economia, com palestras, material educativo e divulgação de resultados mensais.
Em nota, a Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de BH, que aumentou seus gastos em 4,4%, informou ter aberto novos espaços, como o Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, no Bairro Lagoinha, além de ampliar e requalificar outros e intensificar obras em algumas unidades. A instituição menciona também que houve aumento de público em seus espaços. “Tudo isso representa um aumento quantitativo no consumo, mas, pensando de forma proporcional, consideramos que houve redução”, informou a direção. Até o fechamento desta edição, os demais órgãos que aumentaram seu consumo de água não explicaram por que não conseguiram atingir a meta da campanha de economia. O governo do estado informou ser necessário mais tempo para levantar os motivos para o consumo individual de cada setor.
Ao lado da pasta cuja missão é zelar pela conservação de recursos naturais, o pior desempenho entre órgãos estaduais foi o da Secretaria de Transportes e Obras Públicas, que aumentou em 15,12% seu consumo. Outros setores do governo estadual, como a Cemig e as secretarias de Cultura e de Planejamento, não conseguiram atingir os 30% de economia, embora tenham reduzido gastos. Porém, a Copasa apurou que, no conjunto da Cidade Administrativa , a economia superou a meta, atingindo 46%.
No caso da Prefeitura de Belo Horizonte, a redução de gastos também ficou abaixo do ideal entre fevereiro e junho em órgãos como a Fundação Municipal de Cultura (aumento de 4,4%), a Sudecap e a Guarda Municipal. São todas pastas e autarquias que dispõem de hidrômetros individualizados, o que permitiu uma aferição específica no período. Em março, o prefeito Marcio Lacerda assinou decreto que instruía todos os órgãos da capital a buscar a economia de 30%. De forma geral, a administração municipal superou o objetivo, diminuindo em 32,65% seu consumo.
O comportamento dos órgãos públicos que não alcançaram a meta de economia constitui mau exemplo para os demais consumidores, na opinião do coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos da UFMG, Carlos Barreira Martinez. “O que fica, inicialmente, é uma mensagem negativa para o cidadão. O estado faz um apelo de economia e deveria, então, ser o primeiro a dar exemplo. É incabível pensar em fazer campanha e ser o poder público o primeiro a descumprir isso. Acaba desestimulando a economia e expondo uma situação de falta de controle”, observa. O especialista frisa que os motivos que levaram à ampliação do uso de água numa época tão sensível devem ser sanados. “É preciso entender a razão desse gasto excessivo, que no caso da Semad foi considerável. Isso é quase inacreditável, principalmente em um órgão que deveria estimular a redução de consumo”, afirma o especialista.
SURPRESAOs consumidores ficam surpresos com o aumento de gasto de água em alguns órgãos públicos. Ao passar na tarde de ontem em frente a uma das unidades da Semad, na Rua Espírito Santo, no Centro da cidade, a advogada Laura Mendes, moradora do Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, disse que esperava que o órgão desse exemplo. Ela conta que, há pouco tempo, foi a uma universidade e ficou espantada com os vazamentos em banheiros. “Faço economia desde muito antes de começarem as campanhas. Fico apavorada com desperdício.”
Nas proximidades da Semad, o motorista João Batista Barbosa, morador no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste, lembrou que os órgãos oficiais deveriam ser os primeiros a reduzir o consumo. “Conseguindo diminuir o gasto, as autoridades podem até divulgar essa vitória”, acrescentou.
BOM EXEMPLO Entre os órgãos que deram bom exemplo destacam-se, pelo estado, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e o gabinete do governador, que economizaram 53,28% e 35,08%, respectivamente. Do lado da prefeitura, a BHTrans atingiu 30,6%. De acordo com a empresa de trânsito, isso foi possível graças à adoção de medidas como o uso de máquina jateadora, que chega a reduzir o consumo de água em 80%, com baixo gasto de energia. A BHTrans também conduz uma campanha interna para a economia, com palestras, material educativo e divulgação de resultados mensais.
Em nota, a Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de BH, que aumentou seus gastos em 4,4%, informou ter aberto novos espaços, como o Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, no Bairro Lagoinha, além de ampliar e requalificar outros e intensificar obras em algumas unidades. A instituição menciona também que houve aumento de público em seus espaços. “Tudo isso representa um aumento quantitativo no consumo, mas, pensando de forma proporcional, consideramos que houve redução”, informou a direção. Até o fechamento desta edição, os demais órgãos que aumentaram seu consumo de água não explicaram por que não conseguiram atingir a meta da campanha de economia. O governo do estado informou ser necessário mais tempo para levantar os motivos para o consumo individual de cada setor.