No rosto está estampada a alegria de levar a cadela Rosa Bianca, a Rosinha, para passear. Na bolsa, a certeza de que o passeio não vai deixar prejuízos para trás. Desde que tem a pequena poodle, há três anos, a servidora pública Paula Cristina Dias, de 55 anos, carrega consigo sacolas plásticas para recolher as fezes do animal, numa demonstração de gentileza urbana. “Preocupo-me em cuidar do espaço público, que é de todos, e não somente meu”, diz a mulher, que, na tarde de ontem, passeava com Rosinha na Praça Floriano Peixoto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
A atitude é, aparentemente, simples para Paula, mas muita gente ainda não a adota. Ou seja, saem para passear com o bicho e não se lembram de carregar a sacolinha. E, como cocô na rua é proibido – se o cão usar o passeio público como banheiro, o dono deve limpar –, deixar de recolher os resíduos em via pública passou a ser, em BH, desde 2012, infração administrativa, passível de multa.
Muita gente que passeia com os animais ainda desconhece a restrição e está sujeita à punição, com a multa de R$ 790,54. Mas desde a criação da lei, nenhum auto foi emitido pela Prefeitura de Belo Horizonte, sob alegação de que é difícil para os fiscais flagrar o descumprimento da regra.
OBRIGAÇÃO No entorno da Praça Lagoa Seca, no Bairro Belvedere, a Associação dos Amigos do Bairro Belvedere dá demonstração de bom exemplo e gentileza e mantém placas lembrando aos donos dessa obrigação. E, em parceria com uma construtora, colocou porta-sacolas disponíveis para quem “se esqueceu” de trazer a sua de casa.
No caso de Paula Cristina e Rosinha, o cuidado em ser gentil com o outro é mantido ainda em outras atitudes. Quando sai para brincar com a cadela em praça pública, a servidora pública passeia bastante para que ela faça cocô no asfalto, e não na grama. Somente depois disso, e de catar e descartar as fezes, é que as duas se dirigem para o gramado. “Na grama, as pessoas se deitam, crianças brincam. Não deixo a Rosinha defecar na grama para não sujá-la.” E, se vai à casa de uma amiga com o animal, também não tem problema. Na bolsa, Paula carrega ainda um vidrinho de água sanitária para limpar o chão, caso a cadela defeque no local.
Paula lembra, ainda, que é de gentilezas que devemos viver. “Se as pessoas fossem mais sensatas, seria muito mais fácil. Às vezes, me vejo no trânsito respeitando uma fila de carros para fazer uma conversão, por exemplo, e vem um “mais espertinho” e entra na frente de todo mundo. Acho isso horrível”, afirma. Ela lembra, ainda, que ser gentil não é só dar passagem na faixa de pedestre ou ajudar um idoso a atravessar a rua, mas sim ter um comportamento de respeito com o espaço, que é de todos.
#Bhmaisgentil
Os Diários Associados promovem campanha de mobilização social abordando assuntos relacionados a trânsito, cultura e sustentabilidade. A meta da campanha, batizada de #bhmaisgentil, é fazer de Belo Horizonte a capital mais gentil do Brasil, sugerindo ações simples como distribuir sorrisos, não jogar lixo na rua, desligar os celulares nos cinemas e teatros, entre outras.