Uma única casa resiste no meio de uma escavação praticamente pronta para receber uma bacia de detenção (área de armazenamento de água e dejetos como galhos de árvores e lixo) no Bairro Liberdade, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. A obra de R$ 11,3 milhões, iniciada em abril do ano passado e com o cronograma atrasado desde julho, esbarra em uma batalha judicial travada pelo último dos 32 proprietários de imóveis da área onde a intervenção está sendo feita. O morador Juan Ornelas questiona na Justiça o pagamento de indenização da construção às margens do Córrego São Francisco, curso d’água responsável por alagamentos no aeroporto da Pampulha em períodos chuvosos. Mas o impasse nas desapropriações, como o enfrentado pelo poder público neste caso, não é o único obstáculo para a conclusão de obras de drenagem na capital. Com a aproximação da temporada chuvosa, importantes intervenções, capazes de sanar problemas históricos, também estão sem previsão de término por demora na revisão de projetos, atrasos em repasses federais e até mesmo por invasão de áreas.
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A bacia de detenção que está sendo construída no Córrego São Francisco deveria ser finalizada no primeiro semestre, mas esbarrou na desapropriação pendente.
PREJUÍZO A região da cidade mais afetada pela interrupção do cronograma de obras foi a do Barreiro, que historicamente sofre com inundações da Bacia do Ribeirão Arrudas, responsáveis por alagamentos, mortes e prejuízos. Um dos locais mais críticos é o vale do Córrego Bonsucesso, que tem intervenções em andamento para a implantação de interceptores e redes coletoras de esgoto, sistema viário da Rua Marselhesa, tratamento de fundo de vale, complementação de redes de microdrenagem, implantação de áreas de uso social, desapropriação de lotes e benfeitorias e remoção de famílias.
Também no Barreiro, o Córrego do Túnel, ou Camarões, seria canalizado e alças viárias seriam erguidas para melhorar o tráfego, com previsão de implantação de ciclovia e de um parque linear, ao custo de R$ 63.157.463,56, também com recursos do PAC 2. O término ocorreria no primeiro semestre de 2017, mas a obra foi paralisada, aguardando adequações de projeto e finalização das desapropriações pendentes. “Um novo cronograma será apresentado após a conclusão das desapropriações”, informou a Sudecap.
No Taquaril, Região Leste de BH, o tratamento de fundo de vale do córrego, a implantação de sistema viário e de esgotamento sanitário, além de áreas de uso social e de 16 unidades habitacionais no valor de R$ 19,55 milhões, estão paralisados e não terminam neste ano, como previsto, segundo a Sudecap, devido a “adequações de projetos e à liberação de área que foi invadida pela comunidade”.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, os contratos de operações de repasses da União do PAC – como é o caso da obra do Córrego Bonsucesso – têm desembolsos liberados de acordo com a evolução das obras, após autorização do ministério gestor e limitados ao valor permitido pela pasta. Para os cinco demais contratos, enquadrados no Programa Saneamento para Todos, a Caixa informa que não há paralisação ou suspensão de desembolsos..