Jornal Estado de Minas

Ouvidoria pede ao MP e à Corregedoria da PM apuração sobre prisão de índia Xacriabá em MG


A Ouvidoria-Geral do Estado (OGE) solicitou, nesta quinta-feira, a abertura de um procedimento de investigação sobre a conduta de policiais militares durante a prisão da índia Xacriabá Juvana Evarista dos Santos, detida durante uma manifestação do Grito dos Excluídos no desfile da Independência, em Montes Claros, na Região Norte do Estado. A apuração vai ficar à cargo do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Militar.

O caso voltou a ser discutido em uma reunião entre o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Cristiano Silveira, o vereador de Montes Claros, Eduardo Madureira, e o ouvidor de polícia do Estado, Paulo Alkmim. Eles se encontraram nesta tarde na Ouvidoria. “Os parlamentares vieram fazer um pedido de providência. Nós abrimos um procedimento, já enviamos o pedido de apuração para a corregedoria e para o Ministério Público também”, afirmou Paulo Alkmim.

A confusão aconteceu na última segunda-feira durante a apresentação de escolas no desfile de comemoração da Independência. Integrantes do "Grito do Excluídos" queriam desfilar na frente dos estudantes, o que contrariou um acordo entre a PM e as instituições de ensino.
Quando terminou o desfile dos alunos na Avenida Deputado Esteves Rodrigues, os manifestantes entraram na via e pararam em frente ao palanque onde se encontravam as autoridades, entre elas, o prefeito da cidade, Ruy Muniz.

Conforme a PM, a índia Xacriabá estava com arco e flecha nas mãos e teria chutado um gradil de proteção após o desfile de estudantes da cidade. A estrutura atingiu um policial militar, o que deu início à confusão. O comando da 11ª Região da Polícia Militar anunciou nessa terça-feira que instaurou um procedimento administrativo para apurar o caso.

Nessa quarta-feira, a índia esteve na ALMG onde prestou depoimento à comissão de Direitos Humanos. Ela reforçou as denúncias de uso excessivo da força por parte de um dos policiais militares durante a prisão. Dea cordo com Juvana, quando já estava algemada foi jogada no chão e imobilizada com violência por um militar. Ao relembrar o momento, ela se emocionou e disse estar cansada de ver seu povo ser tratado sempre com truculência.


Uma nova audiência deve ocorrer em Montes Claros. A comissão da Assembleia espera contar com a presença do prefeito da cidade, do comandante da Polícia Militar, da Corregedoria da PM, do secretário Estadual de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, além de representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A reunião deve acontecer no próximo dia 28. .