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Minas tem 164 cidades onde população rural é maior que urbana Com 2.244 habitantes, população rural e urbana se igualam em Casa GrandeA energia elétrica é o único conforto da vida moderna ao alcance das cerca de 20 famílias de Macaúbas. Para telefonar, os moradores precisam se deslocar pelo menos 10 quilômetros até o “ponto” mais perto, onde o sinal de celular “pega”.
É o caso do agricultor aposentado José Pereira, que não sabe sequer a própria idade e que nunca assistiu a um programa de televisão. “Acho que tenho mais de 78 anos”, diz José Pereira. Ele mora com a mulher, Maria da Glória dos Santos, de 72, numa pequena casa a que só se chega depois de uma caminhada de 20 minutos por uma trilha e pelo leito do Rio Macaúbas. Sempre que precisa se deslocar até a sede de Itacambira, o aposentado paga R$ 100 de “frete” a um motoqueiro da região. Porém, já enfrentou situação pior. “Antigamente, eu viajava de Itacambira até aqui a pé, mais de cinco léguas (30 quilômetros), carregando mercadorias nas costas”, relatou.
Cercados de utensílios antigos, como um jirau – estrutura de madeira usada para escorrer vasilhas –, os agricultores João Batista Oliveira, de 55 anos, e Maria Dalva Soares de Oliveira, de 53, ficam mais de um mês sem visitar a área urbana.
Para o casal José Pereira da Silva, de 62, e Alaíde Pereira da Silva, de 52, a aquisição desses produtos e serviços é “a maior dificuldade” para quem vive na localidade. Os dois passam até dois meses sem ir à área urbana, mas Alaíde diz preferir a roça. “Na cidade, é muito difícil, tudo a gente tem que comprar. Na roça, a gente produz alguma coisa”, comenta a mulher, acrescentando que apenas aprendeu a “assinar o nome” e a “ler um pouquinho” com o pai, que não permitiu que ela saísse de casa para estudar na cidade. Hoje, as crianças de Macaúbas são levadas para a escola em Itacambira e o carro do transporte escolar é um dos poucos veículos que transitam frequentemente entre a localidade e a área urbana. Questionado se conhece internet, José Pereira respondeu: “Já ouvi outros falarem. Dizem que é uma coisa muito importante, mas eu não entendo nada disso”.
Além da aposentadoria e do trabalho como agricultor, José Pereira da Silva tenta a sorte com garimpo, à procura de diamantes, no Rio Macaúbas, no fundo do seu terreno.