A Região Metropolitana de Belo Horizonte sofreu com ventos fortes, de 63km/h, durante duas pancadas de chuva, ontem pela manhã, que foram mais intensas na Pampulha e no Barreiro, na capital. Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do ClimaTempo, ventou mais do que choveu e o acumulado pluviométrico ficou em 19,8 milímetros.
Porém, militares do Corpo de Bombeiros foram chamados para atender pelo menos cinco casos de alagamento. De 26 ocorrências provocadas pela chuva, de acordo com balanço parcial dos bombeiros fechado às 18h, 15 foram queda de árvores, não só na capital, mas também em bairros de Contagem, Betim e Santa Luzia, na região metropolitana. Houve ainda cinco desmoronamentos e uma queda de laje.
Ontem, três dias depois de pagar o aluguel de R$ 350, a dona de casa Elaine Cristina Neves e os oito filhos acordaram com a água batendo nos joelhos, com o alagamento da Vila São José, no Bairro Jardim Inconfidência. “Graças a Deus, minha menina ainda não nasceu. Está protegida aqui dentro de mim”, disse, entre assustada e aliviada, a dona de casa, com barrigão de 9 meses. Mesmo grávida, ela pensou em quebrar o telhado para tentar salvar as crianças e móveis.
Os bombeiros foram chamados e os pequenos Wanderson Lopes da Silva e Maria Eduarda, de 10 e 6 anos, foram carregados no colo pelo soldado Marco Túlio Guerra, vestido com roupa de mergulho e botas de borracha para se proteger da água e do frio. “Levei susto, né!”, disse a menina de olhos verdes arregalados, ao ser levada nos braços. A família mudou-se para BH depois de a filha mais velha, de 13 anos, ter sido assassinada em Mateus Leme.
A estrutura metálica do telhado de uma residência voou sobre as casas vizinhas na Rua Bom Jesus do Amparo, 271, no Bairro São Paulo, onde moram três famílias. “Não havia tanta chuva, era mais a ventania”, explica a comerciante Keila Mendes, de 32 anos, que desligava da tomada a geladeira quando o telhado despencou em cima da rede elétrica. A partir desse momento, o fornecimento de energia foi interrompido na região. Na nova unidade da loja Leroy Merlin, cerca de 15 metros de telhas de amianto foram levantados no ar pela tempestade de vento. Apenas a localidade das docas foi afetada e a loja funcionou normalmente no plantão de domingo.
Na mesma região, um carro foi levado pela correnteza no Bairro São Paulo, próximo à estação do metrô Minas Shopping e caiu dentro de uma galeria. Não houve vítimas. Outra ocorrência foi registrada na Rua Conceição do Pará, no Bairro Santa Inês, onde duas pessoas ficaram ilhadas dentro de um veículo.
Na Avenida Bernardo Vasconcelos, na altura do Bairro Cachoeirinha, árvore com mais de 10 metros de altura foi derrubada pelas chuvas, atravessando a pista, no sentido Minas Shopping. O trânsito foi interrompido até a chegada dos bombeiros. Na capital, houve queda de árvores também na Rua Amintas Jaques de Moraes, Bairro Pindorama, Região Noroeste, e na Avenida José Cândido da Silveira, na Cidade Nova.
O temporal também causou queda de muros de arrimo e alagamentos em alguns pontos da cidade. De acordo com a BHTrans, as avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos ficaram alagadas. Na Pedreira Prado Lopes, um muro desmoronou ao lado de uma residência. Faltou luz em Betim, Contagem e Santa Luzia e nas regiões da Pampulha e Venda Nova, na capital.