Jornal Estado de Minas

Homem agredido em briga de torcidas segue internado em Betim


O domingo do último superclássico do ano, entre Cruzeiro e Atlético, foi marcado pela violência antes da partida no Mineirão. A polícia registrou pelo menos três confusões na Grande BH envolvendo torcedores rivais. Houve feridos e mais de 70 pessoas foram detidas. Um dos torcedores agredidos na briga entre atleticanos e cruzeirenses nesse domingo, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segue internado um hospital da cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Warley Jacson Rosa, de 29, está em observação na sala de emergência do setor de neurocirurgia, no Hospital Regional de Betim.

O boletim médico sobre o estado de saúde do rapaz está previsto para ser divulgado nesta segunda-feira. Rosa ficou ferido após conflito de torcedores na Avenida Campo de Ourique, no Bairro Jardim das Alterosas. De acordo com a Polícia Civil, a PM conduziu 55 pessoas à Delegacia de Plantão de Betim após o tumulto.
Destes, 47 foram considerados autores da briga generalizada, sendo seis menores, que foram liberados.

Por meio das imagens das câmeras do Olho Vivo, a polícia identificou dois suspeitos de agredir Warley, que não estavam entre os presos. Segundo a Polícia Civil, Frank Junio de Oliveira Gomes, de 22 anos, foi localizado ainda no domingo. Ele foi preso em flagrante por tentativa de homicídio qualificado e encaminhado ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Betim. O outro suspeito ainda não foi encontrado. A briga será investigada pela 4ª Delegacia de Betim.

No Bairro União, Nordeste de BH, torcedores rivais se enfrentaram na Avenida Cristiano Machado, assustando quem passou pela via, por volta das 11h. Dois atleticanos, de 22 e 25 anos, ficaram feridos e foram socorridos no Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Primeiro de Maio.
Segundo a Polícia Civil, 27 pessoas, entre cruzeirenses e atleticanos, se envolveram na confusão.

Tudo começou quando os mais de 20 torcedores com a camisa do Galo aguardavam a chegada do ônibus 512, que para na Estação Vilarinho e segue depois em conexão para o estádio do Mineirão. Um dos atleticanos avistou um colega na calçada e pulou a mureta da Estação do Move, caminhando em direção ao Minas Shopping. Neste momento, um grupo de cruzeirenses localizado próximo da saída do centro de compras desceu correndo na direção dos rivais com pedras na mão e uma grande quantidade de fogos de artifício, segundo várias testemunhas.

A ação foi muito rápida. A turma de cruzeirenses à paisana, sem usar a cor da torcida, cercou os dois atleticanos, que até então estavam sozinhos no passeio da Avenida Cristiano Machado. Ao ver os colegas sendo espancados, integrantes da Galoucura saltaram o alambrado da estação, descendo para socorrer os parceiros. Nesse momento, uma forte pancadaria se formou na pista da direita da Avenida Cristiano Machado, no sentido bairro. Por causa da confusão, houve confronto e correria e alguns carros chegaram a entrar na contramão para escapar da aglomeração.
“Aqui nesta região, sempre tem confronto e ferve de pancada entre torcedores da Galoucura e das facções do 9º Comando da Máfia Azul, que abrange os bairros Goiânia, Maria Gorete e São Paulo”, alertou um popular.

O trânsito ficou interrompido e um dos atleticanos caiu no chão, semidesmaiado. Os torcedores do Cruzeiro continuaram batendo, conforme relatos. A briga só cessou mediante a intervenção dos militares posicionados no Minas Shopping.

Veja o vídeo da briga na Avenida Cristiano Machado, no Bairro União


Os militares conseguiram conter os torcedores envolvidos, com idades inferiores a 30 anos. O grupo ficou algemado na porta da estação, sendo conduzido no ônibus da PM para a delegacia mais próxima. Apesar de não dar declarações, tampando o rosto com as camisas, os atleticanos se sentiram injustiçados ao ser presos, sob o risco de perder o jogo. “A gente salvou a vida dos colegas e agora está saindo de vítima”, protestou um deles. “Conforme o Estatuto do Torcedor, qualquer torcedor que se envolver em briga em dia de jogo tem de ser detido”, esclareceu o tenente-coronel, informando que os atleticanos seriam levados para lavrar ocorrência, mas depois seriam liberados.

Os dois atleticanos feridos foram liberados da UPA 1º de maio ainda no domingo. A família do que saiu mais machucado evitou dar informações sobre o jovem, que estava consciente em observação no posto de saúde. “Foi covardia, só isso que vou dizer”, afirmou a namorada. “Pelo menos pegamos um cruzeirense”, disse um dos acompanhantes do rapaz da Galoucura, ao ficar sabendo sobre um torcedor do Cruzeiro ferido em Contagem.

Menos de duas horas depois do ocorrido, dois torcedores do Cruzeiro estavam presos em fuga já no Bairro Guarani.
Eles foram identificados pelas roupas nas câmaras do Olho Vivo. Os suspeitos são Gustavo Henrique de Almeida Campos, de 22 anos, com duas passagens na polícia por envolvimento em rixas, conforme o artigo 41 do Estatuto de Defesa do Torcedor, e Heverton Meneses da Silva, de 25 anos. Eles foram levados para a 22ª Companhia de Polícia da PM, e se recusaram a dar declarações.

Segundo a Polícia Civil, com as pessoas detidas foram apreendidos fogos de artifício, uma faca com cabo de madeira e um DVD. Além dos dois suspeitos com antecedentes, um policial militar que atuou na ocorrência também foi ouvido. Os envolvidos foram liberados, mas serão investigados pela 2ª Delegacia Leste, responsável pela área.

VENDA NOVA No início da tarde, houve o registro de mais uma rixa entre facções em Venda Nova, na capital. Três suspeitos foram conduzidos ao Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan I) após se envolverem em briga que começou próximo da Avenida Vilarinho e terminou na Rua Padre Pedro Pinto. Foram apreendidas barras de aço e madeira, e quatro caixas de foguetes. Segundo a Polícia Civil, os envolvidos também foram liberados e o caso será apurado pela 1ª Delegacia de Venda Nova.
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