Manifestação de moradores de Ribeirão das Neves, na Grande BH, fechou a BR-040 por mais de duas horas na noite desta quarta-feira. As famílias pedem a construção de uma passarela na altura do km 507 da rodovia, onde, na segunda-feira, uma mulher e a filha dela morreram atropeladas por um carro quando passeavam de bicicleta. O protesto provocou longos congestionamentos nos dois lados da rodovia e revoltou motoristas e passageiros de ônibus. Muitos desceram dos coletivos e decidiram seguir o trajeto a pé. O grupo afirmou que um novo ato deve ocorrer às 5h de quinta-feira.
O protesto começou por volta das 17h50. Centenas de pessoas foram para a rodovia e colocaram pedaços de madeira e pneus nas pistas. Longas filas se formaram nos dois sentidos das estradas. Enquanto estavam parados, motoristas ficaram revoltados com o protesto. Passageiros de ônibus preferiram descer no meio do trajeto e seguiram viagem a pé.
É o caso do pintor Josias Rodrigues, de 48 anos. Morador do Bairro Veneza, em Ribeirão das Neves, ele havia ficado preso também em engarrafamento no início da semana. “Estou a seis quilômetros de casa e minha mochila está pesada. Mas, mesmo assim, vou seguir a pé”, comentou.
Viaturas do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram ao local para negociar com os manifestantes e também para averiguar boatos de arrastão no trajeto. Não foi confirmada nenhuma ocorrência de roubos. Por volta das 20h30, os manifestantes deixaram a rodovia e o trânsito voltou a fluir lentamente em ambos os lados. As famílias prometeram retornar para a BR-040 nesta quinta-feira.
Os moradores estão preocupados com o alto índice de acidentes na região. Na segunda-feira, a dona de casa Dalila, de 37 anos, caminhava pelo acostamento da BR-040 ao lado da filha Yasmin, de 7, que seguia de bicicleta, quando as duas foram atropeladas por um Volkswagen Gol. Na ocasião, o motorista do veículo deixou o local com medo de ser linchado e acionou a polícia depois de parar em um posto de combustíveis.
A líder comunitária do Bairro Vale das Acácias, Edna Sandra Alves de Souza, de 44, afirma que novos protestos vão acontecer na rodovia. “Está morrendo muita gente aqui neste trecho da rodovia. A última foi uma mãe de família”, disse. “As lombadas que existem aqui não resolvem, muito menos os radares. Queremos a passarela. Precisamos de nossos direitos”, completou.
A mesma opinião é compartilhada por João de Deus, de 33, que mora há 15 anos no Bairro São Genaro. “A distância entre as lombadas eletrônicas é muito grande. Os motoristas aceleram entre uma e outra. Vários estudantes que moram de um lado têm que atravessar para ir à aula e correm o risco de acidentes”, afirmou.
Já o comerciante Gleidisson Raimundo, de 48, afirma que os perigos da rodovia estão mudando a vida dos moradores. “As mães deixam o que têm que fazer em casa para atravessar a rodovia com as crianças. Tem muito risco. Várias pessoas já morreram deste jeito aqui”, disse.