A Avenida Dom Pedro II, na Região Noroeste de Belo Horizonte, é sinônimo de infração de trânsito e perigo. Depois da implantação da faixa exclusiva para ônibus, por onde circulam coletivos do Move, os estacionamentos nas laterais da via foram proibidos e automóveis agora ficam em cima das calçadas. Para complicar, lojas e oficinas mecânicas usam os passeios como local de trabalho. Em várias situações, pedestres são obrigados a fazer o desvio pela pista de rolamento e correm risco de atropelamento.
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Região metropolitana tem segundo caso de passageira ferida em estações do MovePorta de estação do Move prende perna de passageira na Região da PampulhaÔnibus do Move é incendiado na Região da PampulhaSem vigilância, terminais metropolitanos do BRT/Move viram alvo de assaltantesPromessa do BRT de amenizar engarrafamentos em BH ainda não foi cumpridaBRT sofre com ações de vândalosLentidão dos ônibus em BH desestimula troca do transporte individual pelo públicoA aposentada Darcy Perpétuo, de 63 anos, foi impedida ontem de transitar pela calçada, na altura do Bairro Carlos Prates, devido a uma grande quantidade de carros parados em frente a uma loja. O único jeito foi ela fazer o desvio pela faixa do Move.
No entanto, os desrespeitos vão além da Pedro II, desabafa o aposentado Paulo Afonso Ribeiro, de 66, morador da Rua Arthur Hass, paralela à avenida, no Bairro Jardim Montanhês. “Pessoas estacionam o carro na minha rua e vão comprar na Pedro II. Param na contramão, em cima das calçadas e na porta da minha garagem. Todos os dias, eu tenho que brigar com alguém para que possa tirar meu carro da garagem”, reclama Paulo Afonso. “A BHTrans só olha o que acontece na Pedro II e esquece as ruas ao lado”, denuncia.
André Luiz da Silva Filho, de 35, dono de uma loja de radiadores, conta que precisou comprar um ferro-velho ao lado para transformá-lo em estacionamento para clientes. “Trabalho dando manutenção em radiadores e o serviço é demorado.
Vendedor de peças automotivas, Rogério de Paula, de 51, continua atendendo clientes na calçada. “A minha loja é recuada, tem espaço na frente para cinco carros e duas motos, mas não é o suficiente. O cliente não consegue vaga e vai embora. Com isso, as vendas caíram 20% depois que as vagas de estacionamento deram lugar à pista de ônibus”, reclama Rogério. Ontem, uma caminhonete ficou parada por um bom tempo atravessada na calçada, aguardando troca de retrovisor, e adultos, crianças e idosos tiveram que desviar pela pista de ônibus.
Na altura do Bairro Padre Eustáquio, motoristas que saíam da Rua Vila Rica eram obrigados a circular por quase um quarteirão na pista de ônibus, pois era grande o movimento de carros nas duas faixas mistas e era necessário aguardar a oportunidade de acessá-las com segurança. No Carlos Prates, muitos motoristas já se envolveram em acidente ao fazer a conversão à direita na Rua Espinosa sentindo Bairro Santo André, conta o mecânico de moto Jean Carlos Talomino Soares, de 30.
Quem também encontra dificuldade de transitar pela Pedro II são os ciclistas. Com tantos carros amontoados nas faixas mistas, eles pedalam pela de ônibus.
Eduardo Costa Pires, de 39, reclama que as pistas exclusivas de ônibus na Pedro II tiraram o direito de ir e vir dos taxistas. “Você não pode mais parar para embarque e desembarque de passageiros. Como vou fazer? Se não posso mais parar na lateral, na faixa dos ônibus, vou ter que parar na faixa do meio?”, questiona.
Coletivo é prioridade, diz BHTrans
Consultada sobre as reclamações referentes ao Move na Avenida Pedro II, a BHTrans informou que faz monitoramento nos corredores de trânsito e que, em situações irregulares, como estacionamento em local proibido, o condutor é orientado a sair. Se não obedecem, a Polícia Militar e a Guarda Municipal são acionados para autuar.
A BHTrans informou que BH traça faixas preferenciais para ônibus desde a década de 1980, na Avenida Amazonas, e que a partir de 2000 várias outras vias foram adaptadas. “É importante lembrar que o ônibus transporta em torno de 60 pessoas, enquanto o carro leva uma média de 1,5. Por isso, o transporte coletivo está sendo priorizado em relação ao individual”, informou a empresa, por meio de nota. “As faixas proporcionam melhorias na operação do embarque e desembarque dos passageiros, diminuição do tempo de viagem e da poluição. Também evitam disputas de espaço entre carros e ônibus”, completa. .
Sobre a conversão dos carros à direita, a BHTrans esclareceu que há um pontilhado dividindo as faixas exclusivas de ônibus e mistas e que, nesse trecho, outros veículos podem entrar na faixa de ônibus para convergir ou entrar em garagens. Sobre a reclamação dos taxistas, informou que qualquer carro pode parar em locais devidamente sinalizados.
Controle
Belo Horizonte conta hoje com 214 controladores eletrônicos de trânsito, sendo 87 radares de velocidade, três de velocidade estática (acoplado ao veículo), 106 de avanço de sinal, 24 de invasão de faixa exclusiva, quatro fiscalizadores de caminhões e um conjugado de invasão de faixas exclusivas e de velocidade. De acordo com a BHTrans, ainda falta implantar 157 aparelhos, sendo 17 controladores de velocidade, 69 de avanço de sinal, 32 de invasão de faixa exclusiva e 39 conjugados.
. Belo Horizonte conta hoje com 214 controladores eletrônicos de trânsito, sendo 87 radares de velocidade, três de velocidade estática (acoplado ao veículo), 106 de avanço de sinal, 24 de invasão de faixa exclusiva, quatro fiscalizadores de caminhões e um conjugado de invasão de faixas exclusivas e de velocidade. De acordo com a BHTrans, ainda falta implantar 157 aparelhos, sendo 17 controladores de velocidade, 69 de avanço de sinal, 32 de invasão de faixa exclusiva e 39 conjugados.