Belo Horizonte ganhou reforço de 40% na frota de trens da linha 1 do metrô (Eldorado/Vilarinho) e, agora, além das atuais 25 composições, passa a contar com 10 novos trens de superfície. Os veículos modernos, com ar-condicionado, mais espaçosos e com os quatro vagões interligados, têm circuito de monitoramento por câmeras e sonorização digital das mensagens de informação aos usuários. O ar futurista dos veículos de formas arredondadas, além dos diferenciais em relação aos carros antigos, impressionou usuários ontem, segundo dia de operação com passageiros. A inauguração ocorreu com uma composição e a segunda deve operar a partir de hoje. Embora tenham aprovado os vagões, usuários voltaram cobrar a antiga promessa de construção de novas linhas, ainda sem data de início das obras.
O aumento depende da ampliação da linha 1, que vai adequá-la para ser interligada a outros três ramais previstos: linha 2 (Barreiro/Nova Suiça); linha 3 (Lagoinha/Savassi) e linha 4 (Novo Eldorado, em Contagem, ao município de Betim, ambos na Região Metropolitana de Belo Horizonte). Já houve liberação de recursos para os projetos e os estudos estão prontos, de acordo com a Metrominas, empresa estadual criada para planejar, implantar, operar e explorar os serviços de transporte de passageiros sobre trilhos na RMBH. As obras, porém, não têm previsão.
Em meio ao cenário de cortes nas receitas previstas no Orçamento da União – a pasta das Cidades foi a mais afetada, com bloqueio de R$ 17,2 bilhões –, o ministro Gilberto Kassab admitiu em junho que, em 2015, muitos gastos da pasta seriam adiados para os próximos anos, o que ele chamou de “deslizamento nos investimentos”. Quando incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2011, a obra de melhorias da linha 1 do metrô de BH era esperada para este ano, enquanto a conclusão das demais linhas deveria ocorrer até 2017. Com a mudança no cenário econômico, nenhuma das duas datas tem sido mais considerada.
Questionados ontem sobre a abertura dos canteiros de obra para alavancar o metrô, os órgãos envolvidos com o assunto não informaram o novo cronograma. Segundo o Ministério das Cidades, não haveria tempo hábil ontem para apurar dados sobre o assunto. A Metrominas informou ser responsável apenas pelos projetos, enquanto a CBTU destacou que os projetos de ampliação estão sendo tratados diretamente pelos dois outros órgãos.
Enquanto não há previsão para expansão do sistema, passageiros avaliam que os vagões vão amenizar alguns dos problemas enfrentados diariamente, mas esperam outras melhorias. “O ar-condicionado vai fazer muita diferença. Há sempre superlotação e calor”, afirmou a gerente de vendas Lilian Cristina Cassimiro Gonçalves, de 30 anos. Usuária do transporte público, ela deixa o carro em casa para ir trabalhar. Ela reclama, porém, dos poucos trajetos. “Por sorte, moro e trabalho em uma área atendida. Mas todo o restante, fora das margens da única linha existente, fica sem o serviço”, diz. A costureira Maria de Fátima Nogueira, de 49, por sua vez, prefere esperar para avaliar o serviço nos horários de pico – atualmente, os testes são feitos em momentos de menor movimento. “Será que vão de fato resolver o sufoco que a gente passa todo dia com esses trens abarrotados?”, perguntou.
Os novos trens chegaram a BH em novembro do ano passado e desde então passavam pela fase de testes. As primeiras viagens começaram à noite e, no início de setembro, durante o dia, com sacos de areira para simulação de carga. Ontem teve início o funcionamento para transporte de passageiros. No quesito acessibilidade, o trem conta com assentos preferenciais para gestantes, idosos, obesos e passageiros com mobilidade reduzida, além de área reservada a usuário com cadeira de roda, que tem um sistema de comunicação direta com a cabine do maquinista.