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Estado de Minas

Polícia segue buscas por adolescentes que mataram delegado em BH

Chefe da Polícia Civil afirma que aguarda posicionamento da Justiça sobre os dois menores. Buscas acontecem em várias partes da cidade


postado em 20/09/2015 10:11 / atualizado em 22/09/2015 12:03

Corpo do delegado é velado no Cemitério Bosque da Esperança, em BH(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)
Corpo do delegado é velado no Cemitério Bosque da Esperança, em BH (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)

A Polícia Civil continua as buscas pelos dois adolescentes que mataram delegado Vanius Henrique de Campos, nesse sábado em uma loja de conveniência no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Autoridades de cidades mineiras e até de outros estados receberam informações sobre a identificação dos dois menores. O corpo do policial foi enterrado neste domingo no Cemitério Bosque da Esperança, no Bairro Jaqueline, na Região Norte.

De acordo com o delegado Wanderson Gomes da Silva, chefe da Polícia Civil, a operação não parou desde momentos depois do crime. “As investigações seguem e as diligências estão ininterruptas. Continuamos as buscas em várias frentes para tentar encontrar os dois adolescentes”, afirmou. “Estamos aguardando posicionamentos da Justiça em relação aos criminosos”, completou.

O corpo do delegado foi velado desde o início da manhã deste domingo. A movimentação é intensa de carros particulares e viaturas da Polícia Civil e Federal no cemitério. A imprensa foi impedida de entrar no local. Colegas de profissão lamentaram o assassinato. “Todo mundo está lamentando essa morte que foi estúpida e covarde. Perdemos um colega que era muito querido e engajado”, afirmou o delegado Rodrigo Bossi.

Para ele, o crime reflete um problema da sociedade brasileira. “A morte desse delegado vai além do crime e passa por problemas sociais. Essa é a desvalorização da vida e desrespeito à autoridade”, criticou o delegado antes de entrar no Cemitério Bosque da Esperança para fazer as últimas homenagens ao colega.

O homicídio é tratado como latrocínio pela Polícia Civil. Pois, os adolescentes usaram a arma do policial para matá-lo e depois fugiram com a pistola .40 que pertencia ao delegado. Os autores do crime já foram identificados, têm respectivamente 16 e 17 anos e moram no Morro do Querosene, local que foi ocupado por dezenas de viaturas pouco depois do crime. O início da confusão entre o delegado, lotado na Delegacia Adida ao Juizado Especial Criminal (Deajec), e os dois menores, e parte das trocas de agressões entre eles foram filmadas pelas câmeras de videomonitoramento do comércio. Os equipamentos não registraram o momento dos tiros.



Testemunhas contaram à Polícia Militar que, depois de atirar na vítima, a dupla fugiu correndo, no sentido da Barragem Santa Lúcia. Vanius de Campos, baleado na cabeça, peito e perna, chegou a ser socorrido por militares do 22º BPM, mas morreu ao dar entrada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS).

As imagens das câmeras de segurança mostram que a confusão se iniciou às 3h50, logo após a chegada dos dois adolescentes à loja. Campos, que já estava no local, desconfiou dos dois jovens, se posicionou em frente ao caixa e ficou observando a dupla. Um dos rapazes, de cabelo descolorido e camisa verde, se aproximou do balcão com algumas latas de cerveja na mão e pegou dinheiro para pagar a bebida. O delegado, que estava o tempo todo com a mão no bolso de trás da calça, segurando a arma, disse alguma coisa para o menor. Na sequência, o outro rapaz, vestido com uma camisa vermelha, se juntou ao amigo, aparentemente irritado com o policial. Ele colocou mais latas de cerveja no balcão, retirou algumas notas do bolso, discutiu com o delegado e saiu. O policial foi atrás e o segundo menor também deixou a loja.

No minuto seguinte, captado pela câmera externa, já no pátio do posto, o delegado foi para cima do rapaz de camisa vermelha, agarrando-o pelos braços. O jovem de camisa verde deu um chute em Campos. Uma testemunha, que pediu para não ser identificada, contou que nesse momento o policial e o adolescente de camisa vermelha caíram e a arma que estava no bolso de trás da calça do policial também caiu. “O jovem se levantou rápido, chutou o delegado duas vezes, pegou a arma dele e deu três tiros. Um dos funcionários da loja ainda tentou separar a briga e por pouco também não foi baleado. A dupla correu subindo a Prudente de Morais”, contou a testemunha.

De acordo com essa pessoa, o delegado estava bebendo na loja de conveniência. Ele havia chegado por volta de 1h, acompanhado de um amigo, que foi embora poucos antes da briga. A testemunha disse que o policial suspeitou que os rapazes iriam assaltar o local e resolveu vigiá-los. “Os dois chegaram, conversaram com um amigo, brincaram para ele pagar uma garrafa de uísque e chegaram a pegar a garrafa, mas acabaram desistindo de levar o produto. O delegado chegou perto deles, perguntou o que estava acontecendo e isso acabou irritando um dos rapazes. O outro chegou a pedir ao amigo para não discutir”, disse.



“SOU TRAFICANTE”

A testemunha informou também que o jovem perguntou ao policial quem era ele, porque ele o estava provocando, disse que tinha dinheiro para pagar e que nem ele nem o amigo estavam ali para roubar. Nesse momento, Campos se identificou como delegado da Polícia Civil e o jovem disse ser traficante, e que o delegado não era ninguém, que o dinheiro que a vítima ganhava por mês, ele conseguia em uma semana. “Esses rapazes estão sempre na loja e nunca haviam se envolvido em confusão. Um deles ficou nervoso porque o delegado pensou que eles estavam lá para assaltar”, informou a testemunha.

Na busca pelos adolescentes, os policiais conversaram com a mãe de um dos menores, na tentativa de fazer com que ele se entregasse. “Lamentamos profundamente o ocorrido. Estamos empenhados em apurar as circunstâncias do assassinato do colega e pretendemos apreender os autores o mais rápido possível. O Vanius era muito querido, profissional dedicado e sua morte causou total indignação. Mas essa perda não afastará a Polícia Civil do compromisso diário com a Segurança Pública”, disse o delegado Wanderson Gomes da Silva, chefe da Polícia Civil.


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