Jornal Estado de Minas

Serra do Curral reúne observadores de pássaros e praticantes de ioga

Simpatizantes e praticantes do ioga participaram de aula a céu aberto - Foto: Cristina Horta/EM/DA Press
A psicóloga e professora Graça Brito, de 62 anos, e seu marido, o empresário Almir Brito, de 67, chegaram antes das 7h ontem ao Parque da Serra do Curral. Ao contrário de boa parte das pessoas que já estavam no local, a intenção deles não era fazer uma caminhada aproveitando a linda vista de Belo Horizonte. Junto com outras 30 pessoas, o casal só estava interessado numa coisa: passarinhar, verbo criado pelos amantes da observação de pássaros para designar um hobby que consideram apaixonante. Enquanto isso, o parque também se preparava para receber mais de 100 simpatizantes do ioga para aulas a céu aberto. Já no Parque Municipal, a meditação deu o tom. Foi um dia zen na capital mineira.

Ao som do canto de capacetinhos-do-coco-do-pau, sanhaços-de-fogo, campainhas-azuis, choca-de-asas-vermelhas, pintasilgos e saíras, que compõem a fauna de 120 espécies presentes no Serra do Curral, o grupo ligado ao projeto Avistavis e à Ecoavis acompanhava Graça e Almir na “caçada” aos passarinhos, atraídos para as árvores próximas dos observadores pela reprodução do seu canto num pequeno aparelho de som. É o que acontece com o risadinha. Assim que o aparelho é acionado, o pássaro responde e se aproxima.

“Para mim, observar pássaros é uma renovação da alma. Vim cedo para cá, direto da casa da minha mãe que está doente. Se fosse para a minha casa, iria tomar um banho e deitar, mas não conseguiria relaxar. Vindo para cá, já dei uma espairecida”, diz Graça.

Almir Brito mostra orgulhoso a foto de uma espécie que habita o parque - Foto: Cristina Horta/EM/DA Press

Segundo os praticantes, para adotar o hobby não é necessário nada além do ouvido, do olhar e de um binóculo. Mas o bom mesmo é fotografar os bichinhos e depois reviver a emoção de encontrá-los por meio das fotografias. O engenheiro Thiago Mafra, de 30s, era o guia responsável pelo grupo. Segundo ele, o passeio ocorre uma vez a cada dois meses.
“Faço isso desde 2001. Sempre gostei de praticar esportes na natureza, mas parei de ir a cachoeiras depois que comecei a observar os pássaros e outros animais”. Na manhã de ontem, ele já havia conseguido fotografar o capacetinho, o enferrujado, a gralha- do-campo e o sanhaço-de-fogo.

PAZ E FÉ Enquanto a turma se divertia passarinhando, outro grupo de pessoas chegava ao parque para praticar ioga ao ar livre. Segundo a psicóloga e professora de hatha ioga integral Vicky Fernandes De Raphael, de 25, a atividade acontece no parque aos domingos desde o início do ano. O objetivo, segundo ela, é apresentar a prática a pessoas que simpatizam, mas ainda não tiveram contato com a atividade. “Muita gente quer fazer ioga e não sabe como. Fazer ioga na natureza facilita o contato consigo mesmo, e aquieta a mente”, explica. O estudante de engenharia ambiental Paulo Veríssimo, de 23, pratica ioga há cerca de um ano e, de acordo com ele, muita coisa mudou em sua vida.
“Existe um universo por trás da ioga. Você começa a perceber muitas coisas no dia a dia, como aquilo que realmente quer e não quer. Isso provoca mudanças profundas”, diz.

A bancária Renata Pereira Martins, de 28, foi ao parque para praticar ioga pela segunda vez. “Sinto que isso me traz tranquilidade e o alongamento é muito benéfico”, explica. Já o biólogo e professor de ioga Orion Boncompagni Jr., de 39, acredita que a prática faz as pessoas entrarem em conexão com a sua paz interior. “O ioga não é uma religião, mas fortalece a fé e conecta as pessoas com a sua própria divindade, além de aquietar as ondas mentais”, ensina..