Aviso também está em uma loja de embalagens que já foi assaltada - Foto: Fotos: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 

Os assaltos aumentaram 16,2% em Minas nos oito primeiros meses deste ano na comparação com igual período de 2014, segundo dados divulgados ontem pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Em Belo Horizonte, onde as ocorrências desse tipo de crime subiram de 20.405 para 26.641, no mesmo intervalo, avanço de 15,84%, o reflexo da insegurança é percebido no comércio. Donos de lojas e de agências de veículos da Avenida Cristiano Machado, na Região Nordeste da capital, estão deixando de receber dinheiro em espécie para aliviar os prejuízos diante de tantos roubos.

Fernando Marandola, de 59 anos, tem numa loja de carros usados no Bairro União e colocou um aviso logo na entrada. “Atenção, senhores clientes. Devido ao grande número de assaltos na região, não pagamos e não recebemos pagamentos em dinheiro. Só através de DOC, TED ou depósito em conta”, diz o texto. Uma loja de embalagens ao lado usou a mesma estratégia e informou na entrada que aceita somente cartões de crédito ou débito.  “Tivemos alguns roubos e coloquei o cartaz para enganar os ladrões, pois não posso recusar dinheiro de cliente. Mas estou fechando a loja”, reclama o proprietário Wagner Quintão, de 28.

“Trabalho com grandes volumes, e nunca recebo dinheiro vivo. Só aceito transferência bancária”, disse Marandola, que prefere levar o cliente ao banco para fazer o depósito. “As chaves dos carros da minha agência ficam todas trancadas em local seguro por causa dos assaltos”, afirmou. Ele conta que recentemente dois homens chegaram de moto numa loja de veículos ao lado. Saíram para testar um carro e não voltaram. “Foram olhar, e a moto era roubada. Nunca mais o dono viu o carro”, disse.

O que mais preocupa são os roubos com armas de fogo, segundo o comerciante. “Há dois meses, um homem armado chegou de moto na loja de embalagens ao lado, rendeu todo mundo e fugiu levando dinheiro e até os celulares dos clientes”, relatou o comerciante. “Quando a polícia chegou, o ladrão já tinha feito a limpa.”

Uma editora da Cristiano Machado também fechou suas portas e voltou a funcionar no antigo endereço, no Bairro Silveira, Região Nordeste. Segundo testemunhas, o funcionário tinha acabado de carregar uma Fiorino com livros e o ladrão colocou a arma na cara dele e levou o carro com tudo dentro. O assalto foi às 17h30.  

Em todo o estado, foram registrados 72.111 roubos de janeiro a agosto. A diferença para o mesmo período de 2014 é de 18.759 ocorrências. Entre as cidades que contribuíram negativamente estão Montes Claros (Norte), com alta de 55,43%; Juiz de Fora (Zona da Mata), 21,53%; e Contagem, na Grande BH, com aumento de 10,40%.

A Seds informou que, para tentar reverter as ocorrências de roubos, trabalha para garantir mais presença policial. “Somente neste ano, a PM conseguiu reconvocar 1.065 pessoas que tinham ido para a reserva para atuar no combate ao crime. Também foi aberto concurso para contratar 4.065 novos policiais, sendo 1.065 para a Região Metropolitana de Belo Horizonte e 2.990 para o interior. Somadas, essas iniciativas dão conta de 40% do déficit de 10 mil postos no contingente da PMMG herdado pela atual gestão”, diz a nota.

Ainda de acordo com a Seds, o governo determinou providências na convocação dos 1.080 investigadores de Polícia Civil admitidos no último concurso. “Nesses primeiros meses, na Polícia Civil, 137 aspirantes às carreiras de médico legista (34) e de perito criminal (103) começaram o curso formação na academia da instituição”, diz o texto. Ainda segundo a nota, mais de 3 mil viaturas devem ser entregues para as polícias ainda no segundo semestre deste ano e foi assegurada a manutenção regular de viaturas antigas, completou.

QUEDA Em Minas, sete crimes violentos apresentaram queda nos últimos oito meses do ano em relação ao mesmo período De 2015. Além do homicídio, que teve recuo de 7,31%  no estado, tentativa de assassinato também caiu 14,77%, assim como estupro consumado (4,76%) e extorsão mediante sequestro (34,57%), entre outros. Já o estupro de vulnerável tentado avançou 5,1%.

Na capital mineira, as reduções ocorreram nos casos de homicídios (29,62%); homicídios tentados (15,47%); estupro de vulnerável consumado (17,33%); e extorsão mediante a sequestro (45,24%). Além de roubo consumado, avançaram as ocorrências de estupro consumado (4,97%) e de sequestro e cárcere privado (2,39%).

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