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Estado de Minas

Lentidão dos ônibus em BH desestimula troca do transporte individual pelo público

Pesquisa do Observatório de Mobilidade divulgado pela BHTrans mostra que, em horário de pico, os coletivos ficam mais lentos que as carroças


postado em 23/09/2015 06:00 / atualizado em 23/09/2015 07:41

Comuns em BH, os engarrafamentos não deram refresco no Dia Internacional sem Carros, um sinal do desinteresse em deixar o veículo na garagem(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Comuns em BH, os engarrafamentos não deram refresco no Dia Internacional sem Carros, um sinal do desinteresse em deixar o veículo na garagem (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Formas alternativas de deslocamento ao transporte individual para reduzir impactos ao meio ambiente e ao trânsito intenso de BH foram incentivadas, nessa terça-feira, no Dia Internacional sem Carro, sendo que a BHTrans até instalou uma varanda urbana (parklet) numa vaga da Avenida Afonso Pena para  fomentar essa mudança. Contudo, as condições atuais do transporte público ainda não são atrativas o suficiente para que donos de automóveis deixem seus veículos nas garagens e tomem ônibus ou metrô na capital mineira.


O desempenho dos ônibus deixa a desejar em vários quesitos (veja tabela). A velocidade de deslocamento dos passageiros no horário de pico da tarde, por exemplo, não passa de 15,9 km/h, inferior à carreira de um porco, que chega a atingir 17 km/h, ou a aceleração de uma carroça, de 28 km/h. Mesmo quem quer caminhar encontra obstáculos, como a baixa proporção de semáforos com tempo para travessia de pedestres, que só existe em 13,6% dos equipamentos, restando a quem está a pé esperar por uma folga no tráfego para cruzar as vias.  O sistema de metrô, com apenas uma linha, também limita consideravelmente essa modalidade de transporte como opção.


Os dados, referentes ao ano passado, constam do Observatório de Mobilidade divulgado pela BHTrans. No que diz respeito à velocidade dos ônibus e das linhas do Move implantadas até 2014, o desempenho melhorou um pouco se comparado a 2013, quando os veículos de transporte público marcavam 15,2 km/h, mas ainda se encontra em patamar inferior aos 16,5 km/h registrados em 2008. E não é apenas o tempo de deslocamento que incomoda os passageiros. Os índices usados para avaliar o desempenho dos ônibus e que têm nota 100 como máxima, também são ruins e têm registrado piora. No caso do cumprimento do quadro de horários, a nota de 2014 foi 63,2, uma queda de 25,3% em relação aos 84,6 pontos de 2012. O desempenho dos veículos pela cidade em suas manobras e funcionamento das estruturas do serviço caíram 14,8%, no mesmo período, de 76,8 pontos em 2012 para 65,5 no ano passado. Mesmo com a implantação de ônibus maiores, plataformas de embarque em nível e ar-condicionado nos veículos, o quesito conforto não passou de 59,9 pontos em 2014, melhora de apenas 2,3% frente o resultado de dois anos antes, de 58,5,  apesar de um investimento da ordem de R$ 1 bilhão no sistema.


Com tantos problemas, a adesão das pessoas ao transporte público só poderia mesmo cair. E é o que tem ocorrido, de acordo com os dados do observatório. De cada 100 habitantes da capital, 60,1% usavam transporte público em 2014, sendo que o dado mais antigo do estudo, de 1996, mostra uma utilização dessa forma de deslocamento por 74%. “A gente, que precisa usar os ônibus porque não tem outra opção, sofre demais no horário de pico. Chega a irritar o tempo que leva para rodar um quarteirão. Não dá nem para nos distrair usando celular quando estamos sentados, porque dá medo de alguém pular a janela e roubar”, reclama o funcionário público Dirceu Augusto Santos, de 53 anos, que leva em média 50 minutos para sair do Centro para sua casa, no Bairro Carlos Prates. A estratégia tem sido tentar evitar o horário de pico, o que nem sempre é possível. “Quando dá para ir embora antes das 17h é um alívio. Do contrário, o mais frequente é resolver alguns outros problemas e só pegar o ônibus das 19h em diante”, afirma.


Expectativa da BHTrans

Na avaliação do diretor de Planejamento da BHTrans, Celio Freitas, o aumento da velocidade foi realmente “discreto”, mas o período avaliado ainda não tinha o sistema Move totalmente implantado. “No ano passado, o Move teve uma implantação parcial. Com mais linhas e corredores exclusivos, a tendência é de mais rapidez. A velocidade ideal numa cidade grande é a que se desenvolve nesses corredores, que chega à média de 30 km/h no horário de pico”, disse. Com isso, o diretor espera que a média de 2015, a ser apresentada em 2016, seja superior à de 2014. “Temos outros planos de investimentos, que dependem de acordo com o Ministério das Cidades para liberação de projetos para mais 100 quilômetros de corredores exclusivos para o transporte público. Uma das áreas pretendidas é a Avenida Portugal, que apresentaria uma melhora na circulação dos ônibus da Estação Pampulha”, afirma Freitas.


No caso do Metrô de BH, ainda não há data para a realização dos projetos de ampliação da Linha 1 (Eldorado/Vilarinho) e de implantação de outros três ramais que abrangeriam mais áreas da cidade. De acordo com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), “os projetos de ampliação da Linha 1 e construções das Linhas 2 (Barreiro/Nova Suíça) e Linha 3 (Lagoinha/Savassi) já foram concluídos e compatibilizados com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O projeto da Linha 4 (Novo Eldorado/Betim) está em execução”. A Setop não informou qual a expectativa de início das obras.

 


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