Jornal Estado de Minas

STJ condena colecionador a pagar R$ 788 mil por posse ilegal de obra mineira

Um colecionador de arte paulista que ficou muitos anos de posse de uma obra do barroco mineiro do século 18 foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pagar indenização por dano moral devido a prejuízos causados à comunidade de Quinta do Sumidouro, em Pedro Leopoldo (Grande BH).

A peça, uma imagem de Nossa Senhora do Rosário que ficava na capela do Rosário, foi furtada em dezembro de 1981 e apreendida em 2012 em São Paulo pelo Ministério Público de Minas Gerais. O colecionador, Renato de Almeida Whitaker, alegou à época que a obra em seu poder não é era a padroeira do distrito de Quinta do Sumidouro.

Em sua decisão, porém, a 2ª Turma do STJ concordou com argumento do Ministério Público e decidiu que Whitaker terá de desembolsar mil salários mínimos, o equivalente a R$ 788 mil. “O ato ilícito praticado pelo apelante causou desalentos e consternações à comunidade em face do patrimônio histórico, que restou arranhado com o ato ilícito que acarretou a retirada de obra do acervo municipal por longo período de tempo”, diz trecho da decisão, tomada por unanimidade.

Segundo o processo, a escultura de madeira de Nossa Senhora do Rosário foi encontrada na casa do réu, em São Paulo, o que motivou ação civil pública por parte do MPMG. O valor da indenização estabelecida pelo STJ inclui multa por "má-fé". De acordo com assessoria de comunicação do tribunal, essa condenação é imposta quando uma das partes tenta induzir o Judiciário a erro, altera a verdade dos fatos ou interpõe recursos meramente protelatórios.

Ao Estado de Minas, Whitaker insistiu que é inocente e que cumpriu todos os trâmites. Ele consultará seu advogado para analisar possiblidade de recurso, mas disse: "Se tiver de pagar, pagarei. Decisão da Justiça não se discute".

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