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Estado de Minas

Fiéis lotam cidade no Sul de Minas e fazem reverência a Padre Victor

Cinquenta mil fiéis vão a Três Pontas para celebrar 110 anos de morte do religioso, que será beatificado em 14 de novembro. Peregrinos chegam de várias cidades, muitos a pé


postado em 24/09/2015 06:00 / atualizado em 24/09/2015 08:18

Matriz de Nossa Senhora da Ajuda ficou lotada de fiéis que foram a Três Pontas agradecer ao religioso(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Matriz de Nossa Senhora da Ajuda ficou lotada de fiéis que foram a Três Pontas agradecer ao religioso (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Três Pontas – A população de Três Pontas, no Sul de Minas, praticamente dobrou ontem, dia do aniversário da morte de Padre Victor (1827-1905), que será beatificado em solenidade presidida pelo cardeal Angelo Amato, representante do papa Francisco, no dia 14 de novembro. A cerimônia religiosa será no aeroporto do município. Segundo cálculos da Associação Padre Victor, cerca de 50 mil romeiros passaram pela cidade, em reverência ao venerável, que já é considerado “santo” na região. Para a beatificação, são esperadas 120 mil fiéis. Os peregrinos chegaram a pé, a cavalo, de ônibus e de carro, vindos de Varginha, Três Corações, Campos Gerais, Santana, Alfenas, Lavras, São Gonçalo do Sapucaí, Luminárias, entre outros municípios da região e de outros locais do país, como Belo Horizonte e São Paulo.

Francisco de Paula Victor nasceu em Campanha, em 12 de abril de 1827. Era filho de escrava, mas foi alforriado e incentivado pela madrinha a seguir a carreira eclesiástica. Aos 19 anos, Victor aproveitou a visita de dom Antônio Ferreira Viçoso, então bispo de Mariana, na Região Central, para manifestar a ele seu desejo de ser padre. Foi aceito no seminário em 1849. Ordenado em 1851, seguiu para Três Pontas em 1852. Logo que assumiu a paróquia do município, passou a visitar doentes, amparar os inválidos, zelar pela infância desvalida. Por suas virtudes e dedicação, ainda vivo era considerado um verdadeiro santo pelos trespontanos. “Em vida, as pessoas já tinham uma confiança muito grande nele, porque era muito caridoso e acolhedor“, explica padre Vânis Vieira da Cunha, pároco de Campos Gerais.

Milhares de peregrinos, a pé ou de carro rumam em direção à Capela da Faxina para a missa das 6h(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Milhares de peregrinos, a pé ou de carro rumam em direção à Capela da Faxina para a missa das 6h (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Cerca de 580 voluntários ajudaram a organizar e a receber os peregrinos que chegaram à cidade. Eles montaram uma barraca para fornecer aos romeiros, a maioria gente simples, pão, margarina, café, água e leite. Pela manhã, centenas de pessoas enfrentaram a fila do lanche. Como faz todos os anos, a dona de casa Carmen Carvalho veio de Lavras para agradecer as graças pedidas a Padre Victor e que foram alcançadas. “Pedi um emprego para o meu filho. Era algo que eu achava impossível, já que ele trabalhava na roça”, lembra. Outra graça, segundo ela, foi o restabelecimento da paz em sua família. “Um dia meu filho me telefonou dizendo que Padre Victor havia aparecido para ele e que muitas hóstias caíam ao seu lado. Desde então, as brigas acabaram.”

Moradora de Luminária, a dona de casa Maria do Carmo Pereira Costa, de 47, caminhou uma hora e meia até Três Pontas. Ela é devota de Padre Victor e conta que já teve três graças alcançadas. Quando era criança, Maria do Carmo sofria convulsões e diz que foi curada graças a uma promessa que a mãe dela fez ao religioso. Mais tarde, já adulta, ela se casou e teve um filho com o mesmo problema. Foi a vez de ela própria fazer a promessa. “Ele teve convulsões até os 11 anos e elas desapareceram. A médica ficou impressionada”, garante.

RELATOS Entre os romeiros que chegaram para participar da procissão até a Capela da Faxina, local em que o futuro beato parava para descansar em seus descolamentos pelos arredores do município, estava Plínio Pieve, de 38, empresário. Ele acompanha a procissão noturna de seis quilômetros, que se encerra com uma missa às 6h, na Capela da Faxina, há oito anos. “Em fevereiro fui à praia, e estava me afogando. Pedi ajuda ao Padre Victor para me tirar de lá. Aí, veio uma onda mais forte e me jogou na areia”, emociona-se. Em seguida, ele entre na fila para a capela. Lá dentro, estende a mão e toca a enorme cruz de madeira do altar e fecha os olhos, agradecendo por ter sido ouvido.
População da cidade praticamente dobrou com homenagens (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
População da cidade praticamente dobrou com homenagens (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)


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