Jornal Estado de Minas

Drama de mãe para transportar filhos cadeirantes mobiliza leitores do Estado de Minas

A solidariedade é um remédio importante contra as dificuldades do dia a dia. A vontade de ajudar o próximo garantirá um futuro melhor à família da quitandeira Maria José Almeida Santos Ribeiro, de 31 anos. O drama dela e dos dois filhos cadeirantes – Caio, de 8, e Vítor, de 4 – foi relatado ontem no Estado de Minas, desencadeando várias manifestações de ajuda nas redes sociais.

Moradores do Bairro Tancredo Neves, na periferia de Ribeirão das Neves, os filhos dela fazem fisioterapia na Associação Mineira de Reabilitação (AMR), no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul da capital. O trajeto requer dois ônibus e uma caminhada de quatro quarteirões entre o ponto do segundo ônibus e a AMR.

Ela aproveitava a viagem para vender biscoitos e roscas, mas, há cinco meses, o forno usado no preparo das iguarias parou de funcionar. Sem o dinheiro que conseguia com o alimento, deixou as contas de água e luz vencerem. Também ficou sem recurso para comprar as fraldas de Paulo, de 1, o único filho que não tem a mobilidade comprometida.

A história da família emocionou muita gente. E a solidariedade sorriu para a quitandeira. Uma empresária de BH, que prefere o anonimato, vai presenteá-la com um novo forno.
As duas agendaram um encontro para a próxima semana. “Fiquei comovida com a história dela. Guerreira”, resumiu a empresária.

Um advogado, que também prefere o sigilo da identidade, vai ajudá-la com as contas em atraso. A solidariedade veio de várias partes de Minas. Do Alto Paranaíba, um aposentado pretende fazer uma doação em dinheiro. Maria José poderá comprar as fraldas de Paulo. “Eu chorei.
Fiquei emocionado. Se eu tivesse condições, pagaria um transporte particular para ela levar os filhos à fisioterapia”, disse o aposentado.

Maria José, acostumada com a vida dura, se rendeu à emoção. “Não sei nem o que dizer. Obrigado a todos”, agradece a mulher, que enfrenta uma longa jornada de sua casa à AMR. Um dia, o motorista de um coletivo arrancou com um dos filhos dela a bordo. O outro ficou para trás. Dona Maria José, auxiliada pela Defensoria Pública de Minas Gerais, ajuizou uma ação por dano moral. Houve a audiência de instrução e julgamento, mas a sentença ainda não foi proferida.

Apesar disso, o magistrado orientou a BHTrans a alterar o itinerário do segundo coletivo, de forma que o ponto seja transferido para a calçada em frente à AMR.
A mudança deve ocorrer na segunda quinzena de outubro. Até lá, dona Maria José continuará empurrando a cadeira de rodas de Caio e levando Vítor no “canguru”. Mas a provável mudança é tida como uma vitória da quitandeira.

Vários leitores, sensibilizados com o cotidiano de Maria José e filhos, comentaram o drama da família nas redes sociais. Alex, por exemplo, destacou: “Quero fazer o que é obrigação do governo”. Carlos comparou a dificuldade de locomoção da família com os novos veículos do Judiciário: “Ainda troca a frota de carros para atender aos desembargadores”. Filipe elogiou o empenho da mãe: “Fico feliz em saber que ainda existem mulheres como dona Maria José, que honra a maternidade. Parabéns!”..