Moradores sofrendo com escassez de água à beira do maior rio que corre inteiramente em território nacional. Essa é a situação enfrentada por habitantes de São Francisco, no Norte de Minas, onde centenas de pessoas da zona rural vivem às margens do rio de mesmo nome, mas sofrem os efeitos da estiagem prolongada e precisam ser abastecidas por caminhões-pipa. “A situação do nosso município diante dos prejuízos da seca é calamitosa”, diz o prefeito Luiz Rocha Neto (PMDB). “O maior problema é que a água do Rio São Francisco, se não receber tratamento, não serve para o consumo humano, pois é muito poluída. Quem bebe dela sofre diarreia, problemas de pele e outras doenças”, explica.
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Córregos desaparecem e população encara o fantasma da sede no Norte de MinasMinas Gerais é o estado que mais polui o Rio São FranciscoSete piores trechos em poluição ficam no segundo maior rio da bacia do São FranciscoVários bairros de Belo Horizonte e região metropolitana enfrentam falta de energiaEsvaziamento de Três Marias ameaça Rio São Francisco na estiagemApós chegar a 2,57% do volume total em 2014, Três Marias volta a ser ameaçada pela criseJá estão secos ou intermitentes 70% dos córregos e ribeirões que alimentam o Velho ChicoAlameda da Praça da Liberdade recebe exposição sobre o Rio São FranciscoLiminar impede que estátua de São Francisco seja retirada da nascente do rioAfluentes do Rio São Francisco secam pela primeira vezAtualmente, rodam no município 15 caminhões-pipa, com a tarefa de abastecer mais de 10 mil pessoas.
Lá, na comunidade de Angicos, o agricultor José Dimas Xavier, de 60 anos, conta que o Rio São Domingos, que passava próximo de sua propriedade, desapareceu completamente. Ele disse que só não passa necessidade maior porque recebe água do caminhão-pipa, porém apenas a cada 15 dias.
Não é o suficiente para escapar dos prejuízos da estiagem prolongada. “Eu tinha umas 260 reses. Por causa da seca, agora só restam 60”, diz o agricultor, explicando que foi obrigado a se desfazer da maior parte do rebanho, para não deixar os animais morrerem de fome e sede. De acordo com o técnico João Luiz Silveira, do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), por causa da falta de chuvas, 95% das lavouras de milho do município foram perdidas na safra 2014/2015, enquanto as perdas nas pastagens foram de 50% a 70%.
MIGRAÇÃO Em Mato Verde, como a Barragem Viamão, onde é feita a captação, secou completamente, a Copasa também usa caminhões-pipa para se abastecer em reservatórios em municípios vizinhos. Depois de transportada, a água é depositada na estação de tratamento da cidade.
Em Monte Azul, embora a Barragem do Tremedal, que abastecia a cidade, tenha secado, a população da área urbana não enfrentou falta d’água, porque foi feita a adutora para a captação na Barragem de Canabrava, construída com recursos da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do Rio São Francisco e Parnaíba (Codevasf). No entanto, a zona rural é fortemente afetada pela estiagem prolongada, com cerca de 11 mil pessoas de 54 comunidades abastecidas por caminhões, de acordo com a prefeitura.
O técnico Antônio Dias Araújo, do escritório da Emater-MG em Monte Azul, salienta que a seca tem acarretado prejuízos, desemprego e abandono do campo. “Muitas pessoas têm fugido da seca em direção a São Paulo e ao Sul de Minas, em busca de trabalho para manter aqueles que ficaram para trás”, conta Araújo..