As altas temperaturas, que neste princípio de primavera se associaram a uma estiagem histórica, fazem disparar o termômetro da preocupação com a escassez de água, inclusive para consumo humano. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a onda de calor deixa mais evidentes os efeitos da seca, expondo o fundo de represas como a Lagoa da Codorna, na Bacia do Rio do Peixe, em Nova Lima. Paralelamente, o Sistema Paraopeba, usado pela Copasa para abastecer a população da Grande BH, atingiu ontem o pior nível de toda a sua história. Dos três reservatórios que compõem o complexo, dois – os principais – exibem volumes mais baixos do que os da data de anúncio da crise hídrica pelo governo do estado, em janeiro. A concessionária de saneamento, porém, garante que o abastecimento à população está garantido. Se a situação preocupa na capital, é mais crítica em regiões em que o déficit de água é crônico, como o Norte de Minas, onde há cidades nas quais parte da população já convive com o fantasma da sede.
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Sistema Paraopeba atinge pior nível da história nesta segunda-feiraRio das Velhas entra em estado de atenção por causa da baixa vazãoMinas Gerais é o estado que mais polui o Rio São FranciscoSete piores trechos em poluição ficam no segundo maior rio da bacia do São FranciscoFiscais aplicam R$ 505 mil em multas por uso irregular da água em Minas População sofre com falta d'água até à beira do Rio São FranciscoO sistema não é suficiente para atender a todos.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o longo período de estiagem levou a AngloGold Ashanti a usar praticamente toda a água reservada nas lagoas artificiais da Codorna e do Miguelão, em Nova Lima, para alimentar as usinas do Sistema Hidrelétrico Rio do Peixe. “As represas artificiais são abastecidas essencialmente pelas chuvas.
O secretário municipal de Meio Ambiente de Nova Lima e ex-presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, explica que as lagoas da Codorna, do Miguelão e dos Ingleses são artificiais e funcionam como barragens reguladoras. Elas foram construídas em 1914, 1920 e 1924 para reservar água para as quatro pequenas usinas do Complexo Hidrelétrico Rio de Peixe, que gera 32% da energia consumida pela mineradora. “Codorna é a última das três lagoas. Mas é a primeira acionada quando se precisa de água para as hidrelétricas”, completa, sustentando que as barragens do Miguelão e dos Ingleses estão com níveis “razoáveis”.
Porém, segundo o diretor do Iate Clube Lagoa dos Ingleses, Lannis Garcia, a represa atingiu um nível preocupante e pode baixar ainda mais se não chover nos próximos dias. “A tendência é piorar. No ano passado, ampliamos duas rampas para descer os barcos, pois a água se afastou demais da margem, mas elas já não estão operando. Chegamos ao ponto de não conseguir mais colocar todos os barcos na água”, afirma.
PREVISÃO A expectativa é de que onda de calor, que ontem registrou máxima de 32,7°C em Belo Horizonte, comece a dar refresco a partir de hoje. A informação é do meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto ClimaTempo.