A greve dos servidores técnico-administrativos em educação da Universidade Federal de Minas Gerais, iniciada há 125 dias, acabará na próxima semana. A data do retorno ao trabalho será definida numa assembleia na manhã de sexta-feira. Na prática, o fim da paralisação significa a normalização de serviços essenciais à vida acadêmica, como biblioteca, laboratórios e colegiados.
“Somos 4,5 mil profissionais na UFMG. Levando-se em conta o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG), a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), somos 12 mil”, disse Cristina Del Papa, coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes).
Tradicionalmente, as outras três instituições de ensino seguem a decisão da UFMG. O retorno da categoria ocorrerá poucos dias depois do acordo fechado com o governo federal, o que garantirá a recomposição de 10,5%. O percentual será em duas vezes: 5,5% em 2016 e 5% em 2017. Os servidores pleiteavam um reajuste de 27,3% no piso da tabela, considerando as perdas de janeiro de 2011 a julho de 2016.
O fim da greve é aguardado com ansiedade por Vitória Albuquerque, de 18 anos. Estudante do 1º período de direito, ela deseja a reabertura da biblioteca. “Estou recorrendo à internet”, disse a jovem, recordando que o início do atual semestre letivo, no fim de agosto, ocorreu com três semanas de atraso devido, entre outros motivos, à paralisação dos servidores.
Alunos de alguns cursos, como o de finanças, precisaram mudar a rotina acadêmica em razão da suspensão ou precariedade de serviços. É o caso de Ivan, aluno do 8º período. “O horário do laboratório de informática, onde usamos os computadores, foi alterado. Fecha às 16h30. Eu tenho aulas à noite e fiquei prejudicado”.
O estudante de engenharia de minas Gustavo Vieira, de 22, também torce para a volta dos técnico-administrativos em educação. “Fui à biblioteca pegar um livro e ela está fechada”. Da mesma forma, Bruno Diamantino, de 19. Aluno do curso de engenharia mecânica, ele conta que alguns amigos precisaram antecipar disciplinas, mas não conseguiram porque os profissionais do colegiado, responsáveis pela análise dos pedidos, aderiram à greve.
Seu receio é que o semestre letivo, que começou com atraso, termine depois da data prevista: “As aulas, se tudo der certo, estão previstas para acabar na semana do Natal”.
BLOQUEIO Ontem pela manhã, um grupo de servidores técnico-administrativos em educação bloqueou o prédio da reitoria da UFMG. Os profissionais estenderam faixas e cartazes, cobrando maior valorização das categorias.
Em nota assinada pelo reitor da instituição, Jaime Arturo Ramírez, e pela vice-reitora, Sandra Goulart Almeida, a universidade informou que reconhece o direito de greve e a legitimidade do movimento, mas classificou a atitude como uma afronta ao direito de ir e vir das pessoas. “Esse gesto, que consideramos inaceitável, afronta o direito irrevogável de ir e vir das pessoas e impede o acesso ao local de trabalho”, diz a nota.