Ratos de telhado, camundongos e ratazanas estão tomando conta das ruas do Centro de Belo Horizonte até mesmo durante o dia. E a espécie mais perigosa é a ratazana, que chega a morder as pessoas, alerta a especialista em manejo integrado de pragas pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) Viviane Alves de Avelar. Por dia, a Secretaria Municipal de Saúde recebe 50 pedidos de controle de roedores. De janeiro a agosto deste ano, já foram 12.017 solicitações, das quais 11.689 atendidas. Durante todo o ano passado, foram 23.386 solicitações e 22.592 atendimentos. Ontem, a reportagem do Estado de Minas flagrou um grupo de ratazanas rasgando sacos de lixo e se misturando entre carros e motocicletas estacionados na Rua Carijós, entre Avenida Olegário Maciel e Guarani, no Centro.
De acordo com Viviane, a situação tende a piorar com a aproximação do período chuvoso, pois as galerias subterrâneas e beiras de rio ficam cheias de água e os roedores saem. “As ratazanas são extremamente bravas, arredias, e chegam a morder as pessoas. Para piorar, temos muitos ratos de telhado andando sobre toldos e sobre fios”, disse Viviane.
Vendedor em uma loja de som, Gilson Silva, de 45, diz que já contou mais de 20 ratos em frente ao seu local de trabalho. “Começam a sair do esgoto por volta das 17h. Às 19h, eles tomam conta de tudo. Eles saíam só à noite, mas agora é com o dia claro mesmo. Quando chove, a situação piora”, reclama o vendedor.
Segundo a bióloga, o controle das ratazanas tem que ser no solo, nas partes mais baixas, e dos ratos de telhado, em áreas mais altas. Já os camundongos, em áreas internas. “Tem que verificar cada espécie para fazer o controle, fazer um estudo do ambiente e olhar os locais de entrada e a possibilidade de implantação de barreira física”, orienta. Segundo ela, todas as espécies são perigosas, mas a ratazana morde as pessoas. “Ela consegue nadar até 800 metros no esgoto sem respirar”, disse. Em algumas situações, as ratazanas conseguem até levantar a tampa de vasos sanitários para entrar nas casas.
São várias as doenças transmitidas pela urina dos ratos, segundo a especialista. Em época chuvosa, a mais comum é a leptospirose. “As pessoas andam descalças em áreas alagadas.
Viviane esclarece que o rato tem hábito noturno, mas a infestação em Belo Horizonte é tão alta que os roedores começaram a sair durante o dia. “Há uma competição alimentar”, disse. Além de evitar restos de comida na rua, ela recomenda recolher ração de cães e gatos do quintal à noite.
Para matar os ratos, o certo é usar raticidas anticoagulantes, que são permitidos pelo Ministério da Saúde. “Matam por hemorragia interna, de cinco a sete dias depois que o roedor ingere o raticida. O chumbinho é de altíssimo risco para as pessoas e animais domésticos e é proibido por lei”, esclarece. Além disso, o chumbinho piora o problema do roedor, segundo ela. “Os ratos vivem em colônias e são desconfiados. Quem experimenta primeiro o alimento não é o roedor reprodutor e o dominante, mas sim os filhotes, os velhos e com alguma doença. Quando eles experimentam e morrem imediatamente, os outros não comem.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, o controle de roedores na capital é realizado em ações programadas em áreas de maior infestações. O serviço pode ser solicitado por meio telefone 156. Na capital, são três espécies mais comuns de ratos :de telhado, camundongos e ratazanas.