São Paulo – Mesmo tendo sido selecionados como exemplo no saneamento básico no Brasil, municípios mineiros que integram um ranking com 16 cidades destaques no setor ainda enfrentam desafios. Levantamento do Instituto Trata Brasil, divulgado ontem, mostra que quando o assunto é oferecer água tratada, Belo Horizonte, Contagem, Montes Claros e Uberlândia chegam a 100% de atendimento ou ficam bem próximos a esse patamar. Mas, quando o quesito é tratamento de esgoto e correção de perdas de água, as cidades mineiras têm situações críticas, muitas vezes com índices piores que os nacionais. Este é o caso de Contagem, que, segundo os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), apresenta perda de 41,18% na distribuição do sistema de água. No Brasil, a média é de 37%, ou seja, são 3,7 litros de água perdidos para cada 10 litros produzidos devido a fraudes, erros de leitura em hidrômetros, vazamentos, entre outros fatores. Nos países com melhor nível de eficiência, o indicador é de 20%.
Leia Mais
Indicadores de volume de água caem e acendem alerta em MinasSem fiscalização e chuva, lençol freático chega ao limiteRacionamento é descartado, mas alerta para economizar água continua valendo Moradores de Venda Nova permanecem sem água nesta terçaMoradores de Venda Nova denunciam estar sem água há uma semanaApesar de admitir que não existe perda zero quando o assunto é perda de água, o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, afirma que os números brasileiros, e também de Minas, são muito altos. “Perder 37% da água que se trata é uma situação muito preocupante e que até a ocorrência da crise hídrica era um indicador para o qual pouco se dava atenção. Mas, além de ser um problema de caixa para a empresa, as perdas geram estresse na bacia hidrográfica e aumentam a chance de desabastecimento”, afirma.
Com experiência de trabalho à frente da Sabesp, o ex-presidente da companhia, o economista e coordenador do Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV, Gesner Oliveira, diz que Minas deve ligar o alerta vermelho. “O estado, historicamente marcado pela abundância de água, começou a viver um período de escassez e isso é preocupante”, disse. Na edição de ontem, o Estado de Minas mostrou uma equação nada positiva para a Grande BH. Os reservatórios do Sistema Paraopeba, que abastecem a região, estão com 26,5% da capacidade. A economia no consumo de água por parte da população, que chegou a níveis de 16%.
FATORES Representante da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) no evento, o diretor de Planejamento e Gestão de Empreendimento da empresa, Ronaldo Matias de Souza, reconhece o problema das perdas. “As perdas são altas e pode ser explicada por alguns fatores. No caso de Belo Horizonte, há um desnível geométrico de mais de 700 metros de altitude, ou seja, do ponto mais alto ao ponto mais baixo em que se distribui água há esse desnível. Isso significa que as redes trabalham muito pressurizadas, o que investimentos vultosos em implantação de válvulas redutoras de pressão, substituição de redes e setorização, para que isso seja minimizado”, afirma. Assim como na capital, ele explica que Contagem tem muitas áreas ainda não urbanizadas e com grande número de ligações clandestinas..