O fiscal de ônibus assassinado com cinco tiros na manhã desta quinta-feira no interior do coletivo 1502 (Vista Alegre/Guarani) foi vítima de vingança. Segundo apurou a Polícia Civil, Webert Eustáquio de Souza, de 33 anos, e outros dois fiscais, já haviam sido jurados de morte pelo autor no dia anterior, quando foi colocado para fora do ônibus por já ter o costume de não pagar a passagem. Na manhã de quarta-feira, o autor chegou a agredir fisicamente um colega da vítima. O autor foi reconhecido por imagens de câmeras de segurança e é procurado pela polícia, que ainda não tem a sua identificação.
Depois da briga de quarta-feira, o autor chegou a ir à garagem de ônibus e mostrou um revólver para os fiscais e prometeu “acertar as diferenças”. Nesta quinta-feira, ele cumpriu a promessa por volta das 7h50, na altura do número 4.000 da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste. O desconhecido esperou o momento certo para matar Webert, que fiscalizava sozinho. Dois passageiros foram feridos. Rogério Lopes, de 46, foi atingido de raspão no rosto e Maria das Graças Martins, de 65, com um tiro no pé. Eles foram socorridos no hospital e passam bem.
Testemunhas disseram ao delegado Emerson Morais, da Homicídios Leste, que o autor havia embarcado no ônibus dez minutos antes, na Rua A, no Bairro Primeiro de Maio, Região Norte. Ele ficou posicionado na parte da frente do coletivo e não passou pela roleta.
Próximo ao Hotel Ouro Minas, Webert entrou no ônibus e mandou que os passageiros pagassem as passagens e fossem para a parte de trás para liberar a entrada para outros passageiros, que quem tivesse passe-livre que o apresentasse. As pessoas passaram pela roleta e o autor permaneceu na escada, conta o delegado. “A vítima disse: você pode passar e pagar a sua passagem. O autor foi até à roleta, dando a impressão que iria pagar a passagem, virou-se, tirou um revólver que trazia dentro da mochila e falou: 'Você quer a passagem? Toma aqui os seus R$ 3,10'. Ele fez dois disparos no peito da vítima, que caiu no piso do ônibus e levou mais três disparos nas costas. O autor desceu e fugiu pela Avenida Cristiano Machado”, relata o delegado.
A briga de quarta-feira foi nas proximidades da Rua Jacuí, dentro de um ônibus da linha 1509. “Os fiscais abordaram o autor dentro do ônibus, pois ele já tinha o costume de descer pela porta da frente sem pagar passagem. Disseram: 'Você não faz isso mais, tem que pagar passagem'. O autor não gostou muito de ter sido chamado à atenção e discutiram. Um outro fiscal, que não foi a vítima, chegou a agredir o autor. O autor disse: 'Vocês gostam de bater nas pessoas? Isso não vai ficar assim, não. Eu vou tirar essa diferença com vocês'”, teria dito o autor, segundo o delegado.
Mais tarde, o autor foi para a porta da garagem de ônibus e mostrou um revólver, dizendo a um outro fiscal envolvido na briga que ele poderia sumir que o encontraria de qualquer forma “para tirar a diferença”. O criminoso quando foi à garagem estava acompanhado de um outro homem, que também está sendo procurado. Ele tem deficiência nos braços e nas pernas, mas consegue andar sem ajuda de cadeira de roda ou muleta. Ele moraria no Bairro Primeiro de Maio ou no Providência. Na garagem, esse segundo homem teria instigado o autor a matar os fiscais. “Isso mesmo, tem que matar. Ele é safado, mesmo”, teria gritado o comparsa.
Os dois fiscais trabalhavam diretamente com a vítima. Nesta quinta-feira, em depoimento ao delegado, eles disseram que constantemente há discussões e brigas com passageiros que se recusam a pagam passagem. Disseram que são ameaçados de morte, mas como trabalham em várias linhas de ônibus não têm tempo para ir à delegacia ou à PM registrar boletim de ocorrência.“Matar um trabalhador de 33 anos, deixando quatro filhos, entre eles uma criança de 3 anos de idade, por causa de uma passagem no valor de R$ 3,10, é a banalização da vida humana mais uma vez estampada”, lamenta o delegado.
Testemunhas do homicídio reconheceram o assassino pelas imagens gravadas na confusão de quarta-feira. O ônibus onde ocorreu o crime tem quatro câmaras, mas justamente a direcionada para a porta dianteira, onde estava o autor, não funciona. As outras três câmaras registram o desespero dos passageiros na hora dos tiros. Houve tumulto e muita gente tentou se proteger debaixo dos bancos. Qualquer informação que possa levar a polícia ao autor pode ser passada pelos telefones 181 ou (31) 3478-7424. A pessoa não precisa se identificar.
Imagens das câmeras do ônibus mostraram o desespero dos passageiros no momento do ataque. As pessoas se abaixam e tentam se esconder. Em seguida, descem do veículo. O equipamento que estava apontado para a porta, onde aconteceu o crime, estava estragado, por isso não flagrou o homicídio. Assista abaixo: