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Estado de Minas

Delegado diz que morte de fiscal de ônibus em BH foi vingança

Webert Eustáquio de Souza, de 33 anos, foi morto na Avenida Cristiano Machado. Autor dos tiros ameaçou vítima no dia anterior ao ser retirado de ônibus por não pagar passagem


postado em 01/10/2015 17:20 / atualizado em 02/10/2015 09:17

Imagem do atirador logo depois dele deixar o ônibus na Av. Cristiano Machado(foto: Reprodução/ Polícia Civil)
Imagem do atirador logo depois dele deixar o ônibus na Av. Cristiano Machado (foto: Reprodução/ Polícia Civil)

O fiscal de ônibus assassinado com cinco tiros na manhã desta quinta-feira no interior do coletivo 1502 (Vista Alegre/Guarani) foi vítima de vingança. Segundo apurou a Polícia Civil, Webert Eustáquio de Souza, de 33 anos, e outros dois fiscais, já haviam sido jurados de morte pelo autor no dia anterior, quando foi colocado para fora do ônibus por já ter o costume de não pagar a passagem. Na manhã de quarta-feira, o autor chegou a agredir fisicamente um colega da vítima. O autor foi reconhecido por imagens de câmeras de segurança e é procurado pela polícia, que ainda não tem a sua identificação.

Depois da briga de quarta-feira, o autor chegou a ir à garagem de ônibus e mostrou um revólver para os fiscais e prometeu “acertar as diferenças”. Nesta quinta-feira, ele cumpriu a promessa por volta das 7h50, na altura do número 4.000 da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste. O desconhecido esperou o momento certo para matar Webert, que fiscalizava sozinho. Dois passageiros foram feridos. Rogério Lopes, de 46, foi atingido de raspão no rosto e Maria das Graças Martins, de 65, com um tiro no pé. Eles foram socorridos no hospital e passam bem.

Testemunhas disseram ao delegado Emerson Morais, da Homicídios Leste, que o autor havia embarcado no ônibus dez minutos antes, na Rua A, no Bairro Primeiro de Maio, Região Norte. Ele ficou posicionado na parte da frente do coletivo e não passou pela roleta.

Próximo ao Hotel Ouro Minas, Webert entrou no ônibus e mandou que os passageiros pagassem as passagens e fossem para a parte de trás para liberar a entrada para outros passageiros, que quem tivesse passe-livre que o apresentasse. As pessoas passaram pela roleta e o autor permaneceu na escada, conta o delegado. “A vítima disse: você pode passar e pagar a sua passagem. O autor foi até à roleta, dando a impressão que iria pagar a passagem, virou-se, tirou um revólver que trazia dentro da mochila e falou: 'Você quer a passagem? Toma aqui os seus R$ 3,10'. Ele fez dois disparos no peito da vítima, que caiu no piso do ônibus e levou mais três disparos nas costas. O autor desceu e fugiu pela Avenida Cristiano Machado”, relata o delegado.

A briga de quarta-feira foi nas proximidades da Rua Jacuí, dentro de um ônibus da linha 1509. “Os fiscais abordaram o autor dentro do ônibus, pois ele já tinha o costume de descer pela porta da frente sem pagar passagem. Disseram: 'Você não faz isso mais, tem que pagar passagem'. O autor não gostou muito de ter sido chamado à atenção e discutiram. Um outro fiscal, que não foi a vítima, chegou a agredir o autor. O autor disse: 'Vocês gostam de bater nas pessoas? Isso não vai ficar assim, não. Eu vou tirar essa diferença com vocês'”, teria dito o autor, segundo o delegado.

O fiscal foi morto na manhã desta quinta-feira na Avenida Cristiano Machado(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
O fiscal foi morto na manhã desta quinta-feira na Avenida Cristiano Machado (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)


Mais tarde, o autor foi para a porta da garagem de ônibus e mostrou um revólver, dizendo a um outro fiscal envolvido na briga que ele poderia sumir que o encontraria de qualquer forma “para tirar a diferença”. O criminoso quando foi à garagem estava acompanhado de um outro homem, que também está sendo procurado. Ele tem deficiência nos braços e nas pernas, mas consegue andar sem ajuda de cadeira de roda ou muleta. Ele moraria no Bairro Primeiro de Maio ou no Providência. Na garagem, esse segundo homem teria instigado o autor a matar os fiscais. “Isso mesmo, tem que matar. Ele é safado, mesmo”, teria gritado o comparsa.

O fiscal Webert Eustáquio de Souza, de 33 anos, deixa quatro filhos(foto: Arquivo Pessoal)
O fiscal Webert Eustáquio de Souza, de 33 anos, deixa quatro filhos (foto: Arquivo Pessoal)
Os dois fiscais trabalhavam diretamente com a vítima. Nesta quinta-feira, em depoimento ao delegado, eles disseram que constantemente há discussões e brigas com passageiros que se recusam a pagam passagem. Disseram que são ameaçados de morte, mas como trabalham em várias linhas de ônibus não têm tempo para ir à delegacia ou à PM registrar boletim de ocorrência.“Matar um trabalhador de 33 anos, deixando quatro filhos, entre eles uma criança de 3 anos de idade, por causa de uma passagem no valor de R$ 3,10, é a banalização da vida humana mais uma vez estampada”, lamenta o delegado.

Testemunhas do homicídio reconheceram o assassino pelas imagens gravadas na confusão de quarta-feira. O ônibus onde ocorreu o crime tem quatro câmaras, mas justamente a direcionada para a porta dianteira, onde estava o autor, não funciona. As outras três câmaras registram o desespero dos passageiros na hora dos tiros. Houve tumulto e muita gente tentou se proteger debaixo dos bancos. Qualquer informação que possa levar a polícia ao autor pode ser passada pelos telefones 181 ou (31) 3478-7424. A pessoa não precisa se identificar.

Imagens das câmeras do ônibus mostraram o desespero dos passageiros no momento do ataque. As pessoas se abaixam e tentam se esconder. Em seguida, descem do veículo. O equipamento que estava apontado para a porta, onde aconteceu o crime, estava estragado, por isso não flagrou o homicídio. Assista abaixo:


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