Uma confusão entre um homem e estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) precisou ser contida por seguranças do câmpus até a chegada da Polícia Militar (PM), no final da tarde desta quinta-feira. Duas estudantes da universidade afirmam ter sido agredidas durante um evento de debates e oficinas com temáticas feministas que era realizado no Centro de Atividades Didáticas (CADII), no câmpus Pampulha. O homem, um estudante de medicina, também disse ter sido ferido pelas mulheres.
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Mulheres são mais da metade dos estudantes da UFMGProfessor da UFMG é investigado por fala homofóbica; MPF apura se universidade foi omissaEstudante é furtado e agredido dentro da Faculdade de Direito da UFMGAssalto em ônibus que passa pela UFMG gera apreensão no câmpus PampulhaA publicação sustenta que o homem correu para uma outra sala, da Faculdade de Letras, onde ficou trancado até a chegada dos militares. Uma mensagem das estudantes relata o momento em que o homem estava registrando o debate. "Começou a filmar a cara das meninas com narrações do tipo 'é essa a ditadura comunista que estamos vivendo'." Os envolvidos foram levados para a Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), onde foram ouvidos pelos militares.
De acordo com o estudante de medicina acusado, de 28 anos, ele estava na Faculdade de Economia quando viu os cartazes com a divulgação do evento.
O estudante disse que queria divulgar a gravação para que o contribuinte soubesse a finalidade dos impostos pagos. "A universidade é gerida com recursos públicos e não deveria abrir espaço para esse tipo de eventos. "Não ameaçei nem agredi ninguém. Não tenho nada contra gays e integrantes de movimentos LGBT.
Segundo uma estudante, que preferiu não se identificar, o debate era somente para mulheres e a porta foi fechada, como combinado, às 14h40, para não haver interrupções. Ela diz que as estudantes estão com medo de represálias por parte do homem "Ele já chegou gravando e dizendo que isso era marxismo cultural. É doutrinação de esquerda. Então ele forçou a porta para entrar", conta.
Ainda de acordo com a estudante, a universidade autorizou a realização do evento. "Quando uma de nós precisou sair da sala, ele filmou nosso rosto e, então, pedimos para apagar e tentamos pegar o telefone da mão dele. Não o agredimos, e ele saiu correndo para outro prédio", relata. Ela diz que muitas pessoas foram atrás dele e que, depois de professores e diretores serem chamados, ele ficou cerca de 40 minutos trancado.
Em nota, divulgada na noite desta sexta-feira, a UFMG se disse contrária a situações de homofobia, racismo, sexismo e qualquer tipo de violência.