Pampulha em clima de expectativa e otimismo. A visita técnica a Belo Horizonte da consultora venezuelana María Eugenia Bacci, do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), deixou autoridades federais, estaduais e municipais com mais esperança de conquistar o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). “Estamos confiantes e otimistas, pois o resultado desses últimos quatro dias é muito positivo”, disse, nessa sexta-feira, o prefeito Marcio Lacerda, ao falar sobre o trabalho já executado na região para preservação do conjunto moderno, da década de 1940, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), e a despoluição do espelho d’água, no qual são lançados esgotos de domicílios da região e do município vizinho de Contagem.
“Os serviços estão adiantados e não precisam ser totalmente concluídos para a Unesco conceder o título ao conjunto arquitetônico. Temos recursos assegurados”, garantiu Lacerda. Um dos principais desafios nessa escalada, no entanto, se refere ao Iate Tênis Clube, localizado na Avenida Otacílio Negrão de Lima, na orla, onde um anexo da década de 1970 descaracteriza o projeto original de Niemeyer. “Nossa proposta, junto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), é buscar recursos para resolver a questão”. Além da demolição de um pavimento do anexo, que abriga salão de festa e academia de ginástica, seriam necessários restauração do prédio inaugurado em 1943, e revitalização dos jardins de autoria do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). A prefeitura se encarregará dos projetos executivos para as intervenções.
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Poluição da lagoa e anexo de clube são desafios para Pampulha virar patrimônio da humanidade Consultora ligada à Unesco exalta modernidade do conjunto da PampulhaRepresentante da Unesco faz última visita à Pampulha, candidata a patrimônio da humanidadePublicado decreto da PBH sobre desapropriação do Iate Casa Kubitschek vai ganhar novo espaço em fevereiroTCE aponta irregularidades na licitação para limpeza da Lagoa da PampulhaProcessos do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais viram memória mundialDocumentos que deram origem a Belo Horizonte viram Patrimônio da HumanidadeO prefeito explicou ainda que, no caso do Iate, houve ocupação irregular de uma área de 4 mil metros quadrados que eram patrimônio da cidade, onde agora há um estacionamento do clube. Para resolver a questão, já foi acionado o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O vice-presidente do clube, Zaner de Araújo Abreu recebeu a arquiteta no clube, esteve com ela em reunião na prefeitura e acredita na importância do o título para “BH, Pampulha e Iate”. Ele considera a proposta bem-vinda, mas que a academia de ginástica e o salão de festa são de suma importância na receita do clube e teriam que ser realocados.
Prazo Durante a semana, entre as várias reuniões oficiais e visitas aos sítios históricos, a arquiteta María Eugenia se encontrou com diretores da Copasa e da PBH para conhecer projetos de recuperação da lagoa. “Perguntando muito, anotando mais ainda”, segundo contou um integrante do grupo que a acompanhou, María Eugenia solicitou todos os mapas da região das Pampulha, desde 1895, dois anos antes, portanto, da fundação da capital. Presente à entrevista coletiva na manhã de ontem, na sede da PBH, no Centro, o diretor de Planejamento e Gestão de Empreendimento da Copasa, Ronaldo Matias, adiantou que, até junho do ano que vem, mês de divulgação do título pela Unesco, 95% dos esgotos da região da Pampulha e de Contagem estarão ligados à rede coletora. “Nos últimos 12 meses, a Copasa fez 10 mil ligações de moradias até então clandestinas. Seguimos com esse trabalhado educativo”, acrescentou Matias. A PBH está investindo R$ 108,5 milhões em obra na Pampulha e tem mais R$ 140 milhões em caixa para concluir os serviços. Já a Copasa investiu até agora R$ 90 milhões.
Candidatura A Pampulha é o único monumento candidato ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade este ano, lembrou o presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leônidas Oliveira, já que Paraty (RJ) saiu do páreo.
Entusiasta do reconhecimento pela Unesco, Leônidas, que é arquiteto, juntou forças com o prefeito para reacender a proposta. “A primeira ideia é de 1996, mas não havia toda a documentação necessária. Desta vez, foi feito um dossiê completo, com 500 páginas, e foram relatadas todas as questões referentes ao patrimônio cultural da Pampulha, sem omitir nada”, disse o presidente da FMC, ao lado da diretora do Conjunto Moderno da Pampulha, Luciana Féres – a diretoria foi criada recentemente para cuidar do patrimônio local. “Tão importante quanto a preservação dos monumentos, é a capacidade de gestão do patrimônio, e isso a consultora pôde ver na prática. Esse conjunto é de valor excepcional”, afirmou a presidente do Iepha, historiadora Michele Arroyo..