O médico de família e comunidade André Christiano dos Santos alerta para os dois principais males desse período mais quente: “A desidratação e a exposição excessiva ao sol podem até resultar em atendimentos de emergência”, destaca. E, segundo Santos, crianças e idosos estão dentro de um grupo de risco. “A criança, na maioria das vezes, não pede líquidos. Os idosos têm uma menor sensação de sede.”
Com relação à hidratação, André Christiano sugere líquidos naturais, como água e sucos de fruta. “Em bebidas artificiais há conservantes, entre outros produtos químicos, e a sensação de sede saciada é falsa. Nos refrigerantes, por exemplo, a taxa de sódio é alta.” E para quem pensa que está se hidratando com bebidas alcoólicas, como a cerveja, o médico chama a atenção para o efeito diurético, que vai apenas contribuir para uma rápida desidratação.
André Christiano explica que a exposição prolongada ao sol, mesmo com a pessoa dentro d’água, pode causar queimaduras de imediato. A longo prazo, a radiação solar aumenta o risco de câncer de pele. O médico também chama a atenção para os cuidados alimentares. “O ideal são alimentos leves, de fácil digestão, frutas que hidratam. É preciso especial atenção com comidas que não podem ficar muito tempo expostas a temperaturas elevadas, como maionese. Sem acondicionamento adequado, provocam intoxicação alimentar, com vômitos e diárreia..
Até mesmo na hora de escolher as opções para driblar o calor há cuidados para não causar danos à saúde. “Com o tempo seco, são recomendados aparelhos de umidificação. Mas a névoa não deve ficar sobre a pessoa. No mínimo, a uma distância de dois metros. No caso do ar-condicionado, o filtro deve estar limpo, para não espalhar ácaros e bactérias.” André alerta até mesmo quem não resiste ao sorvete para se refrescar. “Se tiver com infecção de garganta, sinusite, o choque térmico pode agravar a doença.”
Mas, apesar dos riscos que um sorvete pode representar, foi a esta guloseima que a dona de casa Jusciléia Pereira da Silva, de 32 anos, e os filhos Victor, de 13, e Fred, de 6, recorreram para minimizar o calor. Como todos estavam bem, não havia o perigo de qualquer doença. “Fui ao cinema com as crianças e, voltando para casa, parei para tomar o sorvete bem ao lado da fonte de água. O calor não está fácil. Prefiro o tempo frio.”
A administradora de empresas Carolina Ferreira, de 29, foi à Praça da Liberdade para fugir do calor em casa e levou a melhor amiga, a cadela Amélie. “Em casa, estava muito quente e a Amélie estava impaciente. Vim para a praça, que é mais aberta e tem muita sombra. Trouxe a garrafa de água para a Amélie.” O casal Geraldo Magela, de 57, e Mary Pereira, de 39, também buscou as sombras na praça. “Vim de motocicleta, pois o vento na cara ajuda a espantar o calor”, sugere Geraldo. “Aqui tem muita sombra, mas, ainda assim, estou me abanando. A chegada da chuva é bem-vinda”, completou.
PREVISÃO O meteorologista Ruibran dos Reis, do ClimaTempo, destaca que o ar descendente do fenômeno El Niño dificulta a formação de nuvens e a chegada de frentes frias. “Este ano, o El Ninõ apresenta níveis mais altos de temperatura. Será uma primavera bem quente. Em 25 de setembro, registrou-se recorde dos últimos 100 anos para o mês, com máxima de 36,9°C na capital.”
De acordo com Ruibran, na Zona da Mata e, possivelmente, no Leste mineiro, podem ocorrer chuvas moderadas, porém constantes, até a terça-feira, somando até 50 milímetros de precipitação. “Na Região Central e Sul, há possibilidade de chuvas ocasionais e isoladas, de baixa intensidade. A partir da quarta-feira, volta a esquentar, até o sábado. No feriado, a chegada de uma frente fria repete o quadro climático”, explicou. No estado, a mínima ontem foi de 13°C no Sul, e máxima de 39°C em São Francisco e São Romão, no Norte.