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Estado de Minas

Casos de violência na Savassi reacendem discussão sobre a falta de segurança

Arrombamento de loja de Ronaldo Fraga mostra que a violência aumentou, dizem comerciantes e frequentadores da região. Polícia Militar, porém, assegura que índice de criminalidade na área diminuiu nos últimos meses


postado em 05/10/2015 06:00 / atualizado em 05/10/2015 07:18

Policiais na Savassi: lojistas e clientes reclamam que efetivo da força de segurança é pequeno e não consegue deter as ações criminosas(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Policiais na Savassi: lojistas e clientes reclamam que efetivo da força de segurança é pequeno e não consegue deter as ações criminosas (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

Uma das regiões de comércio mais vibrantes e tradicionais de Belo Horizonte, a Savassi das lojas de grife, dos bons restaurantes e da intensa movimentação de pessoas volta a sofrer com a falta de segurança. Depois de um mês de alívio conseguido com a prisão de uma quadrilha especializada em arrombamentos que agia na região, os furtos a lojas durante a noite voltaram a ocorrer. O último caso foi o da loja do estilista Ronaldo Fraga, na madrugada de sexta-feira, na Rua Fernandes Tourinho. De acordo com outros lojistas, donos de restaurantes e clientes que vão à Savassi, a situação é mais complicada à noite, com arrombamentos de veículos e achaques e ameaças dos flanelinhas, mas também há casos de assaltos à mão armada durante o dia.

O problema da segurança na Savassi, com ênfase para o arrombamento de lojas, é tema recorrente das reuniões periódicas entre comerciantes, entidades de classe e a Polícia Militar (PM). No último encontro, semana passada, os lojistas foram convidados a preencher um questionário com informações sobre suas rotinas para abrir e fechar a loja. O resultado do levantamento será apresentado em novo encontro, dia 27, quando a PM vai orientar comerciantes com dicas de segurança. “Mas, infelizmente, para tentar resolver a situação a curto prazo, os lojistas devem se proteger. E uma sugestão que vamos dar a eles é instalar portas de aço na frente das vitrines, para fechá-las à noite”, afirma o diretor do Conselho Savassi da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Alessandro Runcini.


Segundo o diretor, que também é lojista na região, outras medidas são necessárias para melhorar a segurança na Savassi, mas que dependem de investimento do poder público, para o qual ainda não há sinalização. “Hoje, existem sete quarteirões monitorados por câmeras do Olho Vivo. Precisaríamos de pelo menos 15 a 20 câmeras, porque o número existente não dá conta de monitorar tudo”, afirmou. Ele acentua que, apesar de contar com o esforço da PM para patrulhar a região, o efetivo destinado à área ainda é baixo. “Sei que não existe a possibilidade de colocar um policial em cada esquina, mas o quadro de policiais precisa aumentar.” De acordo com o dirigente da CDL, a região conta com aproximadamente 600 lojas. E, além do grave problema dos arrombamentos, ainda há a questão da presença de grande número de moradores de rua, que não são amparados por políticas sociais. “Alguns deles são pessoas honestas. Mas há uma turma que usa drogas e que à noite vira flanelinha, achacando pessoas que vêm à Savassi”, contou.


Apesar de reclamar da situação de insegurança, Alessandro Runcini faz questão de destacar que a vida diurna na Savassi é tranquila e que as compras de fim de ano não serão comprometidas por falta de segurança. “O problema é à noite, quando as lojas estão fechadas. Não estamos tendo assaltos ou outros incômodos durante o dia”, afirma. Mas não é isso que relatam outros comerciantes e frequentadores da região, que confirmam a ocorrência de crimes no horário diurno.

CLIMA DE MEDO Moradora do Bairro Sion (Centro-Sul), a advogada Cristina Magalhães, de 58, diz ir à Savassi quase que diariamente. “Já vi várias pessoas sendo assaltadas na minha frente. A gente fala com os comerciantes e eles nos dizem que a polícia prometeu mais segurança. Melhora por um tempo, mas depois tudo volta a acontecer”, queixou-se. A vendedora Priscila Nara Moreira Barros, que trabalha em uma loja na Rua Antônio de Albuquerque, relata que o clima de medo aumenta à noite. “De dia, tem movimentação de gente para lá e para cá. À noite, ficamos à mercê do perigo”, diz. O gerente da loja onde Priscila trabalha, César de Almeida, disse já ter sido abordado por um assaltante quando fechava o estabelecimento. “Sei que fiz errado, mas saí correndo. O homem mostrou algo embaixo da camisa, que deduzi ser uma arma”, disse. Na avaliação do gerente, portas de aço não são suficientes para frear a violência na região. “Se vieram arrombar, vão fazer de qualquer forma”, avalia.

No dia do furto em sua loja, Ronaldo Fraga teve um prejuízo de aproximadamente R$ 60 mil com as peças levadas pelos criminosos, além da destruição da vitrine. Os bandidos entraram encapuzados e levaram cerca de 40 peças da grife do estilista. Na ocasião, ele denunciou o aumento da violência na região e disse estar mais preocupado com o pequeno lojista do que com o seu próprio caso. “O problema são os pequenos comerciantes, cuja economia é o próprio negócio. Pessoas que têm suas economias aplicadas no próprio comércio e que estão padecendo por falta de segurança. Os clientes estão indo embora e não dá para se acostumar com isso de forma alguma”, disse.

A PM rebate as denúncias de insegurança na Savassi e diz que os casos de arrombamentos são pontuais. “Não temos criminalidade violenta na região e estamos com queda nos furtos e crimes violentos em todo o perímetro da Avenida do Contorno. Os casos que ocorrem na Savassi são pontuais, mas geram comoção popular por ser nessa região”, afirma a tenente Luana Pontes, comandante do Setor Savassi do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Segundo ela, a corporação mantém o policiamento diuturnamente na região, com estratégias voltadas para a proteção de comerciantes, moradores e pessoas que passam pelo lugar.


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