Jornal Estado de Minas

Estudante é acusada de chamar faxineira de 'macaca' em universidade do Sul de Minas

Um caso de racismo de estudantes contra uma faxineira dentro da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em Passos, na Região Sul de Minas Gerais, é investigado pela Polícia Civil. As funcionárias limpavam o corredor do prédio quando foram xingadas por três alunas. Uma delas, segundo o boletim de ocorrência, chamou uma das vítimas de macaca. O caso revoltou outros estudantes que fizeram uma manifestação nessa quarta-feira. As faxineiras vão prestar depoimento nesta quinta-feira. A UEMG abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.

A injúria aconteceu na última segunda-feira. De acordo com a Polícia Civil, três funcionárias faziam a limpeza no corredor do prédio da faculdade quando as alunas começaram a se queixar do serviço.
As estudantes alegaram que não era o momento de fazer a varrição, por se tratar do intervalo das aulas. Segundo o boletim de ocorrência, as três xingaram as mulheres de biscate e vaca. Em seguida, uma das estudantes virou para uma das funcionárias, que é negra, e a chamou de macaca.

A faxineira vítima da aluna fez um boletim de ocorrência na terça-feira. A Polícia Civil informou que ela representou ao delegado a vontade pela investigação. Um inquérito já foi aberto e o caso será investigado pelo delegado Paulo Queiroz. Nesta sexta-feira, ele vai ouvir as três funcionárias que foram xingadas.
Na próxima semana, as estudantes devem prestar depoimento.

Em nota, a UEMG afirmou que repudia qualquer prática de discriminação, racismo ou intolerância. Disse, ainda, que foi instaurada sindicância para apurar a ocorrência, cabendo à unidade realizar as punições cabíveis, conforme o regimento da Universidade. A instituição afirmou que já solicitou que as funcionárias e as testemunhas sejam ouvidas sobre o ocorrido.

Manifestação

Rapidamente o caso repercutiu na faculdade. Nessa terça-feira um grupo de estudantes se uniu em uma manifestação. Com cartazes e até instrumentos musicais, aproximadamente 200 pessoas fizeram um ato dentro da universidade e depois saíram para as ruas. “O Coletivo SoulVoz repudia o ato de racismo que aconteceu dentro do campus da Universidade Estadual de Minas Gerais – Campus de Passos e exige que o caso seja investigado, que a aluna responsável pela ofensa e ataque às funcionárias da instituição seja devida punida e que seja oferecida às funcionárias da área serviços gerais toda a assistência necessário.
O movimento negro passense acompanhará de perto o desenrolar desse processo. Nossa voz não será silenciada. Nossa luta continua dentro e fora da Universidade”, comentou o SoulVoz, de Passos, que se define grupo que discute e luta contra as múltiplas formas de opressão através do intercâmbio cultural..